No capítulo anterior...
Severina
pergunta se patroa concederá favores sexuais ao coronel Lourenço
Beija
diz que dependerá de sua influência política
Lourenço
oferece um vestido, mas Beija recusa
Começa
o baile e a sociedade de Vila Rica se faz presente
Lourenço
e Beija cumprimentam os presentes
CAP. 36
Terminados os discursos de Lourenço e Beija, uma música suave e
agradável domina o ambiente. Um suculento jantar é servido.
A escrava se aproxima e fala aos ouvidos da patroa.
SEVERINA: E a Sinhá, o que
está achando da festa?
BEIJA: Bela recepção,
Severina. Devo confessar que fui surpreendida com tamanha organização e mais ainda
com o desfile de figurões...
SEVERINA: Percebo algumas
mulheres olhando meio atravessado para a Sinhá...
BEIJA (em tom esnobe): Não
é nenhuma novidade para mim. Sei que as mulheres me invejam. Sentem ameaçadas
pela minha beleza e pela minha presença também... (pausa) Deixe-me ir, preciso
conversar com os convidados...
Beija circula pelo salão com desenvoltura e entabula diálogo com
os principais políticos da capital das Minas Gerais. Deles ouve propostas e
muitos galanteios. Os mais afoitos se dirigem até mesmo à sua serviçal.
ISIDORO: Permita-me, mucama,
quero fazer algumas perguntas sobre a sua sinhá...
SEVERINA: Pois não, senhor.
ISIDORO: Estive uma vez em
Paracatu, mas não consegui ser recebido por Dona Beija. Pode me dizer se
receberá convidados em sua residência no Rio de Janeiro?
SEVERINA: Lamento, senhor, mas
não tenho esta resposta. Dona Beija não comentou nada a esse respeito. Mas
falando por mim, não creio que isto venha acontecer...
ISIDORO: É uma pena...
Realmente uma pena... Reservei alguns de meus melhores diamantes para
presenteá-la...
Mais tarde, depois do jantar e de muitas danças, já ao final da
festa, anfitrião e convidada fazem um balanço da noite.
LOURENÇO: A noite correspondeu
às suas expectativas, Dona Beija?
BEIJA: Foi uma noite memorável,
coronel Lourenço. Devo confessar que poucas vezes tivemos festas desse nível na
Ouvidoria de Paracatu. Não com tantas autoridades e tantas presenças
ilustres...
LOURENÇO: Confesso que a
senhora me surpreendeu com tamanho traquejo nos assuntos da política. Além de
bela também é muito bem informada e articulada.
BEIJA: Obrigado, coronel.
LOURENÇO: Diante disso tenho
uma proposta a lhe fazer. Ao invés de se aventurar no Rio de Janeiro, por que
Dona Beija não fixa residência em
Vila Rica?
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