24 de dez. de 2011

Encontro do Século - CAP. 36



No capítulo anterior...
Severina pergunta se patroa concederá favores sexuais ao coronel Lourenço
Beija diz que dependerá de sua influência política
Lourenço oferece um vestido, mas Beija recusa
Começa o baile e a sociedade de Vila Rica se faz presente
Lourenço e Beija cumprimentam os presentes

CAP. 36

Terminados os discursos de Lourenço e Beija, uma música suave e agradável domina o ambiente. Um suculento jantar é servido.

A escrava se aproxima e fala aos ouvidos da patroa.

SEVERINA: E a Sinhá, o que está achando da festa?
BEIJA: Bela recepção, Severina. Devo confessar que fui surpreendida com tamanha organização e mais ainda com o desfile de figurões...
SEVERINA: Percebo algumas mulheres olhando meio atravessado para a Sinhá...
BEIJA (em tom esnobe): Não é nenhuma novidade para mim. Sei que as mulheres me invejam. Sentem ameaçadas pela minha beleza e pela minha presença também... (pausa) Deixe-me ir, preciso conversar com os convidados...

Beija circula pelo salão com desenvoltura e entabula diálogo com os principais políticos da capital das Minas Gerais. Deles ouve propostas e muitos galanteios. Os mais afoitos se dirigem até mesmo à sua serviçal.

ISIDORO: Permita-me, mucama, quero fazer algumas perguntas sobre a sua sinhá...
SEVERINA: Pois não, senhor.
ISIDORO: Estive uma vez em Paracatu, mas não consegui ser recebido por Dona Beija. Pode me dizer se receberá convidados em sua residência no Rio de Janeiro?
SEVERINA: Lamento, senhor, mas não tenho esta resposta. Dona Beija não comentou nada a esse respeito. Mas falando por mim, não creio que isto venha acontecer...
ISIDORO: É uma pena... Realmente uma pena... Reservei alguns de meus melhores diamantes para presenteá-la...

Mais tarde, depois do jantar e de muitas danças, já ao final da festa, anfitrião e convidada fazem um balanço da noite.

LOURENÇO: A noite correspondeu às suas expectativas, Dona Beija?
BEIJA: Foi uma noite memorável, coronel Lourenço. Devo confessar que poucas vezes tivemos festas desse nível na Ouvidoria de Paracatu. Não com tantas autoridades e tantas presenças ilustres...
LOURENÇO: Confesso que a senhora me surpreendeu com tamanho traquejo nos assuntos da política. Além de bela também é muito bem informada e articulada.
BEIJA: Obrigado, coronel.
LOURENÇO: Diante disso tenho uma proposta a lhe fazer. Ao invés de se aventurar no Rio de Janeiro, por que Dona Beija não fixa residência em Vila Rica?

Continua segunda-feira...

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