A história verdadeira de cada um
Dona Beija
Anna Jacinta de São José nasceu em Formiga/MG em 1800. Aos 15 anos, já morando em São Domingos dos Arachás, foi raptada pelo Ouvidor do Rei Joaquim Inácio Silveira da Motta, que não resistindo à sua beleza incomum mandou matar seu avô e a levou com ele para viver na cidade de Paracatu do Príncipe. Depois de 2 anos o Ouvidor foi chamado para retornar ao Rio de Janeiro e não poderia levar Beija consigo porque era casado e sua esposa era uma fera. No período que esteve em Paracatu, Beija começa a receber homens no palacete e a deitar com eles em troca de ouro e jóias, tudo para se vingar do seu algoz. Padre Melo Franco, um de seus amantes e conselheiros a aconselha a voltar para Araxá e tentar reatar seu noivado com Antonio Sampaio, mas a cidade lhe vira as costas, acusando-a de ter matado seu avô para fugir com o Ouvidor. Indignada com o desprezo da população e a recusa de Antônio, Beija promete não amar a nenhum outro homem e funda a Chácara do Jatobá, um bordel refinado onde ela se transforma num mito como cortesã, escandalizando todas as famílias conservadoras de Araxá. Ali recebe ricos fazendeiros, cobrando altas quantias em ouro e jóias para participarem de seus saraus e no final da noite um deles é escolhido para passar a noite com a anfitriã. Seu ex-noivo vira um freqüentador assíduo da casa. A chácara prospera e Beija torna-se poderosa e influente nas Minas Gerais. Logo conhece João Carneiro de Mendonça com quem vive um caso. Teve uma filha com cada um deles. Com esses dois homens ela passa a maior parte da vida, entre idas e vindas. Aos poucos Beija reconquista Araxá e as senhoras que antes lhe viravam a cara se tornam freqüentadoras fervorosas de seus jantares no palacete do arraial. Disposta a dar um basta na insustentável situação com a família de Antonio, Beija decide proibir sua entrada na chácara. O amante a desafia e é atacado por um cão feroz. Revoltado, paga dois escravos para surrarem a amada impiedosamente. Disposta a se vingar Beija manda matar Antonio. Triste e deprimida porque perdera o homem de sua vida, ela muda de Araxá para Estrela do Sul, onde vivia sua filha caçula, já casada. Torna-se dona de um garimpo e envida seus esforços na busca de um diamante maior que o famoso “Estrela do Sul”. Passa o resto da vida recatada e dedicada à família e aos pobres. Morre em 1874, aos 74 anos de idade.
D. Pedro I
Nasceu em Lisboa em 1798. Veio para o Brasil em 1808 com a família real. Na mocidade se divertia indo as tavernas do Rio de Janeiro. Em uma dessas andanças noturnas conheceu Francisco Gomes da Silva, que mais tarde se tornaria um dos seus mais fiéis amigos, conhecido como "Chalaça". Em 1818, quando tinha 19 anos, casa-se com a Arquiduquesa Dona Leopoldina, filha do Imperador Francisco I da Áustria. Em 1821 seu pai, D. João VI retorna a Portugal com toda a família real deixando o filho no Brasil, com o título de Príncipe Regente do Brasil. Em 1821, devido a pressões, D. João revoga o título e determina seu retorno imediato a Lisboa. Desafiando estas ordens, D. Pedro resolve permanecer no Brasil. Este ficou conhecido como o “Dia do Fico”. Sua popularidade subiu e diante da recusa do Príncipe em retornar, Portugal ameaçava com uma ação militar no Brasil. Indignado, D. Pedro rompe com Portugal e proclama a Independência do Brasil. Nessa mesma viagem conhece Domitília, mais tarde Marquesa de Santos. Daí em diante seu caso de amor extraconjugal escandalizaria a corte. Em 1823 seu governo começa a enfrentar turbulências com a convocação da Assembléia Constituinte, pois haviam muitas divergências políticas. Em 1825 ganha força a ação separatista da Província Cisplatina, hoje Uruguai. D. Pedro faz longa viagem até o teatro de guerra, mas é obrigado a retornar no começo de 1827 por causa da morte da Imperatriz Leopoldina. Há quem afirme que uma das causas da morte da Imperatriz foi o caso do Imperador com Domitília. Em 1828 o Brasil reconhece a independência da Província Cisplatina. D. Pedro foi responsabilizado e saiu com a imagem bastante arranhada desse episódio. Novamente, em 1829, a vida privada do imperador volta a causar problemas, pois diversas mulheres nobres das cortes européias se recusavam a casar com ele por causa de seu notório caso com a Marquesa de Santos. Este foi seu caso mais sério, porém teve inúmeras amantes. Tudo isso, ao lado das dificuldades financeiras, provocaram o protesto das elites brasileiras. O constante declínio de seu prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, em 1830, fez o Imperador sofrer oposição dos liberais e ocasionar uma reação popular, levando-o a abdicar em 7 de abril de 1831, em favor do filho D. Pedro II (que tinha apenas cinco anos de idade). Em portugal D. Pedro se dedica a recuperar o trono de sua filha, D. Maria II, que fora usurpado por seu irmão D. Miguel. Ele volta tuberculoso do campo de batalha e morre em setembro de 1834 aos 36 anos de idade.
Marquesa de Santos
Domitília de Castro Canto e Melo nasceu em São Paulo em 1797. Aos 16 anos casou-se com o Alferes Felício Pinto Coelho, homem violento que a espancava e a violentava. Em 1821 estava divorciada. Desse casamento teve 3 filhos. Poucos dias antes da Proclamação da Independência, conhece D. Pedro, com quem terá cinco filhos e um caso de amor até 1829. Esse romance escandaliza a corte. Em 1823 D. Pedro instala Domitília onde hoje fica o bairro do Estácio. Em 1826 a presenteia com a “Casa Amarela”, uma suntuosa mansão nos arredores da Quinta da Boa Vista, onde vivia a familia real. Domitília foi, em 1825, feita viscondessa de Santos e, em 1826, elevada a Marquesa de Santos. Seus pais e seu irmão foram agraciados com benesses imperiais. Constava que sua ambição era ver o Imperador legitimar seus filhos, tornando-os príncipes de sangue e assim em pé de igualdade com os filhos legítimos. Dom Pedro e Domitília romperam em 1829, quando segundo o comentário da época ela tentou balear a sua própria irmã Maria Benedita (baronesa de Sorocaba), ao descobrir seu relacionamento com o Imperador - que teve como fruto: Rodrigo Delfim. Porém, o maior motivo para a separação foi devido as segundas núpcias de D. Pedro I com Amélia de Leuchtenberg. Ele procurava desde 1827 uma noiva nobre de sangue e seu relacionamento com Domitília e os sofrimentos causados a Leopoldina por este, eram vistos com horror pelas cortes européias e várias princesas recusaram-se a casar-se com Pedro. Uma das cláusulas do contrato nupcial de Amélia e Pedro dizia que ele deveria afastar-se para sempre de Domitília e bani-la do império. Separada de D. Pedro a Marquesa de Santos retornou a São Paulo. Sua mansão se tornou famosa por seus saraus e bailes de máscaras. Em 1842 casou-se com Tobias de Aguiar com quem teve 4 filhos. Morreu em 1867, aos 70 anos de idade, tendo sua velhice sido devotada aos pobres e necessitados.
A história que a novela vai contar
Encontro do Século fará um exercício de imaginação ao misturar a vida desses três personagens da história do Brasil. Alguns fatos importantes serão mantidos e outros tantos conflitos serão criados pensando em como poderia ter sido, de fato, o rumo da história caso seus destinos tivessem se cruzado. Estes personagens viverão intensas emoções por um determinado período e, finalmente, suas vidas retomarão o caminho que a história registra.
Nossa narrativa começa em Paracatu do Príncipe, quando Padre Melo Franco tenta, insistentemente, convencer Beija de que sua melhor alternativa é voltar para São Domingos dos Arachás e tentar reatar seu noivado com Antonio Sampaio. O Ouvidor, que raptara Beija dois anos antes, está de partida para a corte por ordem de D. João VI e não poderá levá-la. Motta é casado, tem filhos e a fama de ciumenta de sua esposa corre de boca em boca no Rio de Janeiro. Mas o que ele mais teme é perder a amada para o príncipe D. Pedro. Apesar de o relacionamento estar cada dia mais insuportável, Motta ama Beija e sente por ela uma paixão avassaladora, que o faz desconhecer quaisquer limites. Seu machismo não permite, sequer, que admita a possibilidade de perdê-la para outro homem. E sabe que caso Beija ponha seus pés no Rio de Janeiro isso fatalmente acontecerá. D. Pedro, apesar da pouca idade, é um tremendo mulherengo e aquela linda jovem jamais passará despercebida diante de seus olhos.
O Ouvidor doa todo o mobiliário do palacete para Beija e também a aconselha a recomeçar a vida no seu arraial de origem. Tenta fazê-la acreditar que, apesar de ser uma moça desonrada, ela agora é uma mulher rica e poderosa, que foi capaz até de alterar o mapa das Minas Gerais. Explica-se: acusado do assassinato do avô de Beija, Motta seria julgado pelo governador da Capitania de Goiás, de quem era grande desafeto. Para fugir da sentença ele interfere junto a D. João VI, para que transfira toda a área do Triângulo Mineiro para a capitania de Minas Gerais. Assim escapa da condenação já que é amigo do governador desta Capitania. Motta reúne seus assessores, seguranças, sua tropa, despede-se de Beija e parte.
Ainda no palacete Beija conversa com Severina, sua escrava preferida, e confessa a sua insegurança diante da difícil decisão de voltar para Araxá ou seguir para o Rio de Janeiro. Embora a corte seja um destino incerto e desconhecido, sonha em conquistar o Príncipe e viver uma grande história de amor. Por outro lado seria a grande oportunidade de se vingar de Motta, pois sabe do medo que ele tem de vê-la nos braços do Regente.
Dias depois Beija reúne seus escravos, suas tralhas acondicionadas em vários carros-de -boi e parte. Sente um misto de alegria e tristeza na despedida. Alegria por ter vencido um ciclo difícil de sua vida e tristeza, pois se afeiçoara a várias pessoas que a serviam no palacete. A despedida dos que ficam é emocionante. Muitas léguas adiante o cortejo se aproxima de uma encruzilhada e chega a hora da decisão: São Domingos dos Arachás ou São Sebastião do Rio de Janeiro?
Beija resolve obedecer aos seus conselheiros e segue para Araxá. O que não pode imaginar é o estardalhaço que sua presença irá causar. A notícia de sua chegada corre como um rastilho de pólvora no arraial e provoca a ira das senhoras do lugar. Algumas chegam até a interferir junto ao delegado para que a expulse. Por seu turno a ala masculina fica exultante com a notícia, até mesmo porque a história de que anda recebendo homens para encontros íntimos já chegara ao arraial há tempos e estas fantasias já povoam o imaginário deles.
Num primeiro instante Beija fica chocada, mas ainda está disposta a insistir em ficar. Uma a uma as amigas vão lhe virando as costas. Mas o golpe mais duro virá quando for escorraçada por Dona Ceci, mãe de Antonio Sampaio, seu ex-noivo. D. Ceci era considerada a sua segunda mãe. Antonio procura Beija, porém magoado e rancoroso a culpa por todas as desgraças. Sua opinião é a mesma de tantos do arraial. Diante de tamanho golpe, Beija não resiste e resolve partir para o Rio de Janeiro, mesmo sob os protestos de seus verdadeiros amigos: Padre Aranha, Fortunato e Dona Josefa.
Após longa viagem finalmente a comitiva chega ao Rio de Janeiro. Beija tem dinheiro e logo procura se instalar na Rua do Ouvidor, um endereço de nobres da época. Mas a primeira notícia é desalentadora: Dom Pedro não está na cidade e deve demorar algum tempo para voltar. Porém ela não desanima. Seus primeiros meses na capital são de descobertas, passeios e encantamento com tantos recantos bucólicos e maravilhosos. A nobreza, a cidade grande e as belezas naturais deslumbram a jovem oriunda dos pequenos arraiais mineiros. Cada vez mais sonha com o momento em que conhecerá o Príncipe e em que ele a conduzirá aos salões da corte.
Seus passeios diários não passam despercebidos, sua beleza chama a atenção e logo conquista alguns admiradores, entre eles um figurão, o Visconde de Perdizes, que futuramente a introduzirá na corte. Enquanto o nobre está caído de amores pela forasteira, Beija só tem um interesse: ser apresentada ao Príncipe. Mas sua primeira tentativa será frustrada, porque justamente no baile que o Visconde a levar, D. Pedro não estará presente. E pior: saberá que ele preferiu uma noitada regada à bebedeira e mulheres a estar no baile.
Nas suas farras pelo Rio Chalaça reencontra o Ouvidor Motta e lhe pergunta sobre sua famosa amante de Paracatu do Príncipe. Motta se surpreende com o fato de a notícia ter chegado à corte. Ele diz que a mulher seguiu para um longínquo arraial das Minas Gerais e que provavelmente nunca mais ouvirá falar dela...
O encontro de Pedro e Beija se dará numa situação bastante inusitada: Beija sai para um passeio de charrete em companhia da escrava Severina e em algum momento o cavalo se assusta e dispara. Pelo caminho cruzam com a comitiva de D. Pedro sem sequer se darem conta de quem se trata. Percebendo o apuro das donzelas, Pedro abandona o grupo e parte em galopada atrás da charrete, até que consegue deter o animal. O cavalheiro se deslumbra com a beleza daquela mulher e por instantes fica pasmo a contemplar-lhe. Quando Pedro se apresenta, Chico, seu grande amigo, corrige o Príncipe, que diz apenas seu primeiro nome desacompanhado de qualquer título de nobreza. É então que Beija se dá conta de quem se trata. Pedro a acompanha no passeio até o mar e passam um maravilhoso dia conversando, se conhecendo e trocando até alguns carinhos. O príncipe a acompanha até a porta de casa, mas Beija não permite sua entrada e o convida para jantar alguns dias depois.
Pedro mal pode esperar pelo jantar, cheio de segundas intenções, mas Beija o deixa na expectativa mais uma vez. E assim os jantares e passeios vão se sucedendo até que acontece a primeira tarde de amor. Pedro fica extasiado de prazer e garante que nunca tivera experiência como aquela.
Algum tempo depois, num encontro com Motta, Pedro menciona algo sobre suas maravilhosas noites com Beija e o Ouvidor fica sabendo que sua ex-amante está na cidade. Perturbado, procura por informações para descobrir seu paradeiro. Ao encontrá-la exige que deixe o Rio imediatamente. Beija se nega e sente prazer na perturbação de Motta. Um de seus objetivos ao vir para a corte era esse: se vingar dele, afinal de contas fora o responsável pela morte de seu amado avô. Beija ameaça recorrer ao Príncipe caso o Ouvidor insista na idéia de obrigá-la a qualquer coisa. Por ouro lado, Motta fica feliz com a presença de sua amada, mas tem certeza que não se livrará da paixão que sente por ela. Quando partiu de Paracatu, seu principal motivo era sufocar essa paixão que o consumia. A ordem de D. João VI era um fator secundário...
Motta, sem resistir à atração que sente por Beija, retorna ao sobrado e diante da recusa em recebê-lo, ameaça contar ao Regente sobre os homens que ela recebia no palacete de Paracatu do Príncipe. Nas mãos do Ouvidor, Beija é obrigada a ceder às suas investidas. Pouco depois Chalaça, que já sabe de todo o envolvimento do casal, descobre que voltaram a ser amantes e também chantageia Beija.
Certo dia Pedro vai de surpresa à casa da amada e se depara com Motta e então percebe que os dois já se conhecem. Pedro se retira irritado. Beija expulsa Motta, pois teme prejudicar seu relacionamento. No palácio, Pedro acusa Motta de tê-lo enganado quanto à presença de sua amante na corte. Ao cobrar explicações da amada, esta justifica que a visita era apenas casual e nega qualquer envolvimento com o ex-amante.
Pedro está cada vez mais apaixonado por Beija e suas frequentes visitas ao sobrado viram motivo de comentários nos salões da corte. Sem se importar com o burburinho dos súditos, Pedro introduz Beija nos bailes e jantares da corte, ainda que sob protestos de seu pai, D. João VI. Beija fica conhecida como a “Favorita do Regente”. A presença desta bela dama causa alvoroço e muitos nobres demonstram interesse por ela, despertando a ira do Regente. Vez ou outra surgem discussões, ora pelo assédio a Beija, ora pelas puladas de cerca de Pedro em suas famosas noitadas. Entre um burburinho e outro o casal vai levando o relacionamento.
Antonio Sampaio, ex-noivo de Beija, contrariando a família e os amigos, vai até o Rio de Janeiro na tentativa de reencontrá-la. Por dias fica espreitando a amada, mas sempre a vê em companhia ora de Pedro, ora de Motta, até que desiste e volta pra casa, provocando a ira de seus pais e Aninha Felizardo, sua esposa.
Em meados de 1818 uma dúvida começa a perturbar Beija: a desconfiança de uma gravidez. Assim que tem a informação confirmada por uma escrava, fica exultante e mal espera a chegada de Pedro para lhe contar a novidade. Porém, irado com a descoberta do caso de Beija com Motta, Pedro a procura com uma notícia bomba: vai se casar em pouco tempo com D. Leopoldina! Beija fica arrasada e desiste de contar a novidade.
Pedro se casa e por algum tempo se afasta de sua amada. Meses depois, sem conseguir manter-se preso à vida de marido fiel, Pedro procura Beija e a encontra grávida de vários meses. Para omitir a paternidade e feri-lo ela diz que o filho é de Motta. Furioso Pedro procura o Ouvidor e os dois discutem. Veridiana, sua mulher ouve toda a discussão e fica irada com a descoberta. Nos dias seguintes vai à casa de Beija e arma o maior escândalo, mesmo a acusada lhe dizendo que tudo não passa de um grande mal entendido e que tudo fora inventado apenas para ludibriar o Príncipe.
Acreditando ser o filho de Motta, Pedro fica irado e rompe definitivamente com a amada. Beija tem um menino e o batiza com o nome de Pedro Antonio.
Algum tempo depois, não resistindo a falta de sua amada, Pedro a procura, na intenção de reatar o relacionamento, mas é surpreendido por sua decisão: Beija avisa que vai abrir uma chácara nos arredores da cidade, onde oferecerá lazer de alto nível para seus convidados em troca de ouro e jóias. E ainda diz que se Pedro quiser poderá ser um dos freqüentadores da casa.
Com grande festa a chácara é inaugurada e muitos títulos de nobreza desfilam por seus salões. Beija demonstra ser uma mulher culta e politizada e seus conhecimentos sobre geografia, história e política impressionam os figurões da corte.
Movido por grande curiosidade, Pedro passa rondar a chácara, mas seu verdadeiro intento é se reaproximar da amada. Reluta mas acaba cedendo à tentação de entrar. Em pouco tempo vira freqüentador assíduo e goza de privilégios em relação aos demais. Em noites que Pedro está no recinto os outros desistem de serem escolhidos para passarem a noite com a anfitriã.
A notícia da abertura da chácara chega a Araxá e Antonio Sampaio volta ao Rio. Ele conta à ex-noiva que esteve na corte à sua procura e que àquela época ainda sonhava em reatar e viver o grande amor da adolescência. Beija lamenta a falta de iniciativa do pretendente. Ele rebate dizendo que a encontrou muito feliz, ora nos braços do Regente, ora nos braços do Ouvidor. Beija ainda questiona se romperia com sua família para viverem um grande amor. Antonio fica sem resposta, demonstrando que sua decisão não é tão firme assim.
João, o velho amigo de infância de Beija, e apaixonado por ela desde os tempos do catecismo em São Domingos dos Arachás, começa a freqüentar a chácara. Surge um clima de romance no ar e também de inimizade entre seus muitos pretendentes.
Com o passar do tempo, aos poucos Pedro vai reconquistando a amada, sempre insistindo na idéia de que deve fechar o recinto, para evitar os comentários maldosos que rodam pela corte e também para preservar sua imagem. O casal conversa muito sobre os destinos da nação e Beija se mostra muito articulada politicamente, se tornando importante fonte de consulta para o Regente. É ela uma das pessoas que o aconselha a permanecer no Brasil quando D. João VI pede seu retorno imediato a Portugal, no episódio que ficou conhecido como o “Dia do Fico”.
Alguns meses depois surgem algumas rebeliões em Minas Gerais e São Paulo e Beija aconselha Pedro a ir pessoalmente até estas províncias levar o seu apoio aos governantes. Ela acredita que sua popularidade pode ser decisiva na solução desses conflitos. O que não imagina é que nessa viagem Pedro passará por Santos e conhecerá Domitília de Castro Canto e Melo, com quem terá, por muitos anos, que dividir o amor e as atenções do futuro Imperador do Brasil.
Deste ponto em diante nossa sinopse passa a ser mais resumida, dada ao estágio avançado da história.
Muitos conflitos surgirão a partir do envolvimento de Pedro com Domitília e o Imperador fará cada vez menos questão de esconder seus casos amorosos. Seus romances com Beija, Domitília e outras tantas mulheres escandalizarão a corte.
Beija e Domitília serão contrapontos diferentes de uma mesma balança.
Domitília não ama Pedro, mas fará tudo para legitimar os filhos que tem com ele para que estes tenham os mesmos direitos que os filhos legítimos do casamento com Leopoldina. Há um interesse político e financeiro em jogo que por vezes supera o interesse sentimental. Mas o sexo é morno e sem graça. Domitília apesar de ser bonita e um tanto emancipada para sua época, não é uma mulher quente na cama. Ganha a preferência do Imperador por ser uma mulher fiel e dedicada.
Beija, por sua vez, não ama Pedro, mas defende os interesses de seu filho. É com ela que o Imperador vai ao delírio na cama. Mas seu envolvimento com outros homens em muito desagrada ao Imperador, que por esse motivo perde parte do encanto que sente. Mas vê na amada uma grande conselheira política. Domitília é a mulher obediente, pronta a servir. Beija é a razão, o centro, o porto seguro, que não se deixa abalar por qualquer coisa. É firme e decidida.
As duas principais amantes, por serem mulheres finas e requintadas, agirão como amigas. Poucas vezes trocarão farpas. Cada uma agirá por conta própria na intenção de defender seus interesses e em alguns momentos até unirão forças para pressionar Pedro.
O imperador se verá obrigado a satisfazer os caprichos de uma e de outra, como conceder os títulos de nobreza, presenteá-las com mansões suntuosas e circular com elas pelos bailes e festas da corte.
Nesta fase diversos fatos políticos exigirão a atenção do Imperador e sua preocupação se refletirá no relacionamento com suas amantes.
Aos poucos a situação se tornará insustentável para Lepoldina, que não suportará aturar duas amantes do marido sob seu teto. Triste e infeliz a Imperatriz entrará em quadro depressivo e definhará até morrer. A corte culpará Pedro pelo acontecido.
Uma vez viúvo a atenção da corte se volta para a nova esposa do Imperador. Porém, o episódio da morte de D. Leopoldina repercute muito mal nas cortes européias e diversas princesas recusam o casamento com Pedro. Com isto, a guerra entre Beija e Domitília se acirrará já que tudo indica que uma delas será escolhida como a nova Imperatriz do Brasil.
O clímax da história se dará no momento em Pedro tiver que escolher entre uma delas para ser a sua nova esposa.
O clímax da história se dará no momento em Pedro tiver que escolher entre uma delas para ser a sua nova esposa.
Entretanto, uma grande surpresa as aguarda. Mas o que acontece na sequência é assunto para o último capítulo, onde todas as tramas serão esclarecidas e devidamente resolvidas, com finais felizes e reviravoltas surpreendentes...
Fim