No capítulo anterior...
Antonio
procura Beija
O casal
combina de não falar do passado nem de coisas ruins
Tomados
pela paixão, fazem amor pela primeira vez
CAP. 20
Já é dia alto quando Antonio percebe os raios solares invadindo
as frestas da janela... Ele se levanta apressado, vestes as roupas e parte
deixando Beija a dormir serenamente.
Aos galopes o cavalo se aproxima da casa grande, porém alguém o
espera na entrada principal.
SAMPAIO: Por onde andou,
Antonio? Isso são horas de chegar em casa?
ANTONIO (constrangido): Ora,
meu pai, fui visitar a Rua da Lama, tomar um vinho, jogar conversa fora...
SAMPAIO: Você é um homem
noivo, compromissado. Não fica bem ser visto em noitadas com as mulheres da
vida. Você quer me criar problemas com o Felizardo?
ANTONIO: Todo mundo sabe que
meu sogro é um freqüentador assíduo da casa da Candinha...
SAMPAIO (ordenando): Para
evitar problemas é melhor que você se abstenha de ir àquele lugar. Estamos
entendidos?
ANTONIO: Sim senhor.
Horas mais tarde Antonio se junta à Vado e aos peões no campo.
VADO: Ocê foi se encontrar
com ela, não foi?
ANTONIO: Não, Vado, fui pra
casa da Candinha. Até você agora pra me cobrar satisfações? Quantas vezes não
viramos a noite na farra juntos?
VADO: Pra mim ocê num
precisa mentir. Eu te conheço muito bem... Do jeito que ocê saiu lá de casa, só
pode ter ido atrás dela...
ANTONIO: Quer saber? Fui
mesmo e não me arrependo... (relembrando empolgado) Foi a melhor noite que já
tive com uma mulher em toda a minha vida...
A escrava entra no quarto carregando uma farta bandeja de café
da manhã.
SEVERINA: Nossa, a Sinhá
dormiu tanto...
BEIJA: Ah, Severina... Você
não imagina que noite linda eu tive... Talvez a melhor de toda a minha vida,
com ardor, com paixão, com o homem que amo... Foi algo inexplicável...
SEVERINA: A julgar pela cara
de felicidade da Sinhá, foi algo realmente muito bom...
BEIJA: Sim, foi. Nós
prometemos a nós mesmos não falarmos de problemas, famílias, passado, nada,
sabe? Decidimos que teríamos a noite simplesmente para nos amarmos...
SEVERINA: Fico feliz em ver
minha Sinhá tão bem assim, mas não deixo de ficar preocupada também... Existe
uma realidade bem mais dura por trás de todo esse sonho...
BEIJA (indiferente): Ah,
Severina! Deixe-me sonhar pelo menos por um instante, porque tenho o resto da
vida para pensar nos problemas. E me dá logo essa bandeja que estou louca de
fome...
O capataz insiste em alertar ao amigo dos riscos que corre...
VADO: Ocê tá brincando com
fogo, hôme! A hora que seu Sampaio e Dona Ceci descobrir isso, ocê tá frito!
ANTONIO: Essa é a pior
parte... (sonhando) Mas, Vado... Beija é diferente de todas as outras... Tem um
perfume, um toque, um beijo... Nunca tinha experimentado nada como aquilo... É
uma deusa na cama...
VADO: É o amor, meu
amigo... Ocê ainda é apaixonado por aquela mulher.
ANTONIO: É verdade. Passei
muitos meses dizendo pra todo mundo, até pra mim mesmo, que tinha acabado, que
só sentia raiva e desprezo, mas ontem vi que estava enganado. Continuo gostando
dela como sempre gostei.
VADO: Mas e o resto? Não
existem só ocês dois no mundo... Tem o passado de Beija, que ninguém aceita;
tem seu pai e sua mãe; tem Aninha Felizardo que agora é sua noiva... O quê que
ocê pretende fazer agora?
Nenhum comentário:
Postar um comentário