10 de dez. de 2011

Encontro do Século - CAP. 24



No capítulo anterior...
Dona Ceci escorraça Beija de sua casa
Arrasada ela é consolada por Padre Aranha
As famílias jantam e marcam o casamento de Antonio com Aninha
Contrariado Antonio comunica o casamento à Beija

CAP. 24

BEIJA (chocada): Não posso acreditar no que acabei de ouvir! Repita, por favor.
ANTONIO: É isso mesmo que você ouviu: vou me casar com Aninha Felizardo...
BEIJA: E nós, Antonio? E nossos planos, nossa vida, nossa amor, onde você jogou tudo isso, no lixo?
ANTONIO (embaraçado): Entenda Beija... Claro que isso não é uma decisão minha, é de meu pai... Você sabe o quanto te amo e que faria tudo pra ficar ao seu lado.
BEIJA: E é assim que você prova que me ama, se casando com outra?
ANTONIO: Não tive alternativa... Deus sabe o quanto tentei argumentar com meu pai, mas ele sequer quis me ouvir. Disse que me deserdaria e me expulsaria de casa se ousasse desobedecer a sua ordem. Você conhece muito bem o coronel Sampaio...
BEIJA: Não te conheço mais, Antonio Sampaio. Cadê aquele homem forte, decidido? Você sucumbiu ante ao primeiro obstáculo!
ANTONIO: Não é o primeiro, Beija... Há uma montanha de obstáculos entre nós, o meu pai é apenas um deles.
BEIJA: Tem a sua mãe também... Você já deve saber que ela me expulsou da sua casa feito um cão sarnento...
ANTONIO: Sim, eu soube... Fiquei muito magoado com ela, mal estamos nos falando...
BEIJA: Não compreendo essa implicação da sua família comigo...
ANTONIO: Beija, sejamos realistas... As coisas mudaram muito, a situação agora é outra completamente diferente. Seu avô foi morto em circunstâncias nunca esclarecidas/
BEIJA (cortando): Quantas vezes preciso dizer que não tive culpa nenhuma na morte do meu avô? Quantas vezes?
ANTONIO: Eu sei Beija, mas não é o que todos pensam no arraial... E depois tem o seu caso com o Ouvidor... Você viveu com ele, como marido e mulher durante dois anos. Você é uma mulher desonrada... Isso também o povo não aceita... Aliás nem eu mesmo não sei se aceito... Fico tentando esquecer disso, mas quando penso que a qualquer hora alguém pode me jogar isso na cara, fico desorientando, fico em dúvida...
BEIJA: Quer dizer que o preconceito não é apenas do povo de São Domingos, você também tem dúvidas quanto a mim...
ANTONIO: Não é isso...
BEIJA: Então é o quê? Você mesmo acabou de confessar que compartilha das mesmas dúvidas do povo desse arraial...
ANTONIO: Entenda uma coisa: se a gente ficar junto sempre teremos essas perguntas batendo à nossa porta. Sempre seremos alvo de comentários, de mexericos. Seremos apontados na rua... Será que isso é o melhor para nós?
BEIJA: E o melhor para nós é seguir as ordens e a cabeça preconceituosa destas pessoas? Eu pensava que o importante para nós era ser feliz, independentemente do mundo, do resto...
ANTONIO: Mas não podemos viver isolados do resto...
BEIJA: Vamos embora de São Domingos, Antonio. Vamos para outro canto do mundo, viver o nosso amor, criar a nossa família, nossos filhos... Eu sou rica, tenho dinheiro bastante para nos sustentar por um bom tempo até reconstruirmos a nossa vida... Vamos embora de uma vez por todas?

Passará Antonio por cima de todos os seus princípios machistas, da vontade de sua família para viver o seu grande amor por Beija?

Continua segunda-feira...

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