9 de dez. de 2011

Encontro do Século - CAP. 23



No capítulo anterior...
Dona Ceci recebe Beija muito mal
Ela é acusada de ter tramado a morte do avô para fugir com o Ouvidor
Acuada, Beija conta que tem se encontrado com Antonio
Irada, Dona Ceci escorraça Beija de sua casa

CAP. 23

Beija se retira aos prantos, profundamente decepcionada. Antonio chega e toma conhecimento do acontecido, mas prefere não ir atrás da amada para não complicar ainda mais a situação.

Horas depois, ainda muito abalada, recebe a visita de Padre Aranha.

PADRE: Antonio não havia lhe contado nada sobre a mãe, como ela encarava a situação?
BEIJA: Não. Mas não creio que tenha feito isso por mal. Certamente queria me poupar do veneno daquela jararaca...
PADRE: Filha, escute meu conselho: afaste-se de Antonio. Isso não tem como prosperar... Até entendo que vocês se amam desde a infância, sou testemunha disso, mas os tempos agora são outros...
BEIJA: Mas se o senhor mesmo diz que acredita no amor da gente... Por que um amor tão bonito e forte não pode vingar?
PADRE: Seria preciso que vocês se mudassem daqui para um lugar bem distante, isolado de todos para que pudessem ser felizes em paz. E Antonio não me parece disposto a fazer isso...
BEIJA: Nem eu, padre! Quero ser feliz aqui, na minha terra, onde me criei. Quer dizer que para ter o direito de viver o meu amor terei de viver escondida feito um bicho? Isso nunca!
PADRE: Entenda, o povo é muito preconceituoso, tem a língua muito solta. Aqui vocês sempre serão motivo de comentários... Sempre...
BEIJA: Farei esta proposta a Antonio. Garantiu-me que está disposto a enfrentar tudo e todos para vivermos esse amor. E com ele do meu lado, Padre, também estou disposta...

Na noite seguinte, um jantar na fazenda dos Sampaio traçará novo rumo para este romance...

SAMPAIO (se dirigindo a cada um): Felizardo, Dona Genoveva, Ceci, Antonio e Aninha esta noite é muito especial para todos nós. Ela marca o início de uma nova era no relacionamento das famílias Sampaio e Felizardo/
ANTONIO (cortando): Quanta cerimônia, meu pai...
SAMPAIO: Sim, mas quero que seja solene mesmo, porque o que aqui será anunciado unirá nossas famílias para sempre/
CECI: Será o que estou pensando?
SAMPAIO: Provavelmente sim... (feliz e orgulhoso) Felizardo e eu marcamos hoje o casamento de Antonio com Aninha... (erguendo a taça de vinho) Um brinde aos noivos!

Todos ficam eufóricos, exceto Antonio, chocado e sem saber como reagir à notícia. Segundos depois, refeito do choque, toma coragem para questionar.

ANTONIO: Mas meu pai, ainda não é muito cedo para se marcar esse casamento?
SAMPAIO: Não, meu filho, não há motivos para esperar mais. Vocês já se conhecem há tempos, se dão bem e o momento é agora. Além do mais, do que precisarem poderão contar comigo e Felizardo...
ANTONIO: Não sei...
SAMPAIO: Mas eu sei o que é bom para você. O casamento será daqui a um mês. (se dirigindo à Ceci e Genoveva) Agora é com vocês... Terão um mês para preparar uma festança das boas, daquelas que São Domingos dos Arachás nunca se esquecerá...

Todos brindam felizes, menos Antonio que faz cara de desolado. Aninha esboça um sorriso, mas sequer abre a boca, tamanha a sua timidez...

Dois dias depois, na casa de Beija... Antonio passa a maior parte do tempo calado, cabisbaixo, introspectivo, apenas a abraça a maior parte do tempo.

BEIJA (inconformada): Antonio, diga-me de uma vez por todas: afinal de contas, o que há com você? O que aconteceu de tão grave que não quer se abrir comigo? Não agüento mais esse clima!
ANTONIO: Não sei nem por onde começar... Mas preciso falar. Também não agüento ficar com esse nó na garganta. (pausa) Daqui a um mês me caso com Aninha Felizardo. É isso. Falei!
BEIJA (incrédula): O quê?

Continua amanhã...

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