2 de dez. de 2011

Encontro do Século - CAP. 17



No capítulo anterior...
Beija é insultada na missa pela beata Idalina
A fanática convence os presentes a se retirarem da igreja
O Padre e as prostitutas consolam Beija
Ela chora e se arrepende de ter voltado a Araxá
O ex-noivo, Antonio, adentra a sacristia e se depara com Beija.

CAP. 17

ANTONIO (sem tirar os olhos de Beija): Me desculpe, Padre. Eu não sabia que o senhor estava acompanhado.
BEIJA (esboçando um sorriso, depois de tantas lágrimas): Antônio, como vai?
ANTONIO (tentando parecer indiferente): Como Deus quer. E você?
BEIJA: Também, como Deus quer.
PADRE: Antonio, se o que você tem pra conversar comigo não for realmente importante, peço que volte outra hora...
ANTONIO: Entendo, Padre. Já soube do que houve aqui mais cedo... Posso voltar outra hora...
BEIJA: É verdade, Antonio, que você... (mudando de idéia - Ela pretendia falar da ida dele a Paracatu) Nada, deixa pra lá... Melhor esquecer.
ANTONIO: Eu volto depois para falar com o senhor, Padre. Até mais ver (vira as costas e sai).

Beija caminha até a janela e fica observando o ex-noivo até que ele monte o cavalo e parta.

PADRE: Beija, minha filha, vejo que aqueles sentimentos continuam os mesmos de dois anos atrás... Por todo este tempo só estiveram adormecidos...
BEIJA: Do que o senhor está falando, vigário?
PADRE: Do seu amor por Antonio Sampaio...
BEIJA: Nossa, está tão na cara assim?
PADRE: Seus olhos brilharam quando ele entrou na sacristia. Onde está aquela mulher que estava aos prantos? Tudo passou com a presença dele... Seus olhos o seguiram até desaparecer no horizonte...
BEIJA: Para o senhor eu não preciso mentir. Na verdade nunca o esqueci. Apesar de tudo o que me aconteceu, acho que só vivi por esse dia: reencontrá-lo e dizer-lhe o quanto o amo...
PADRE: Mas não se iluda. A situação agora é outra... Acho que dificilmente a tradicional família Sampaio permitiria sua união com Antonio...
BEIJA: Eu sei disso. Mas não tenho pressa. Quem sabe daqui a algum tempo, levando uma vida digna e honesta aqui no arraial, como antigamente, não volte a ser merecedora da confiança de todos, inclusive da família Sampaio?
PADRE: Para Deus nada é impossível, basta ter fé, minha filha...

Mais tarde, Fortunato e o delegado Belegarde visitam a amiga. Tomam um chá na varanda.

BELEGARDE: Ainda bem que não fui à missa hoje. Levantei com muita dor nas costas e resolvi ficar em casa.
FORTUNATO: Felizmente nem em missa eu vou. Sou ateu confesso! Religião nada mais é que uma ferramenta de dominação das mentes fracas!
BEIJA: Vocês não perderam nada... Me arrependi amargamente de ter pisado lá...
BELEGARDE: Não se importe com isso, Beija, essas beatas não têm o que fazer...
FORTUNATO: (cheio de malícia) É um bando de solteironas que nunca provaram os prazeres da vida (risos)...
BELEGARDE: De prazeres você entende, não é, amigo Fortunato? Também, não sai da Rua da Lama... (risos)
BEIJA (se divertindo): Ah, meus amigos... Só vocês mesmo para me fazer sorrir depois de um dia de tanto desgosto... Obrigado por serem meus amigos.
FORTUNATO: É um prazer termos Beija como nossa amiga, e saiba que sempre estaremos do seu lado, para o que der e vier...
BELEGARDE (atacando mais um brioche): Ainda mais com uns biscoitinhos gostosos como esses, estaremos sempre por perto (risos)...

Enquanto isso, no curral da fazenda, durante a ordenha da tarde...

VADO, o capataz: Fale a verdade, Antonio, ocê foi até aquela sacristia somente para ver Beija, não foi?
ANTONIO (evasivo): Não... Fui falar do meu casamento com Aninha Felizardo...
VADO: Olhe aqui nos meus olhos e me responda uma coisa: Você ainda ama Beija, não ama?

Antonio hesita em responder.

Continua amanhã...

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