No capítulo anterior...
Beija é
insultada na missa pela beata Idalina
A
fanática convence os presentes a se retirarem da igreja
O Padre
e as prostitutas consolam Beija
Ela
chora e se arrepende de ter voltado a Araxá
O
ex-noivo, Antonio, adentra a sacristia e se depara com Beija.
CAP. 17
ANTONIO (sem tirar os olhos
de Beija): Me desculpe, Padre. Eu não sabia que o senhor estava acompanhado.
BEIJA (esboçando um
sorriso, depois de tantas lágrimas): Antônio, como vai?
ANTONIO (tentando parecer
indiferente): Como Deus quer. E você?
BEIJA: Também, como Deus
quer.
PADRE: Antonio, se o que
você tem pra conversar comigo não for realmente importante, peço que volte
outra hora...
ANTONIO: Entendo, Padre. Já
soube do que houve aqui mais cedo... Posso voltar outra hora...
BEIJA: É verdade, Antonio,
que você... (mudando de idéia - Ela pretendia falar da ida dele a Paracatu)
Nada, deixa pra lá... Melhor esquecer.
ANTONIO: Eu volto depois para
falar com o senhor, Padre. Até mais ver (vira as costas e sai).
Beija caminha até a janela e fica observando o ex-noivo até que
ele monte o cavalo e parta.
PADRE: Beija, minha filha,
vejo que aqueles sentimentos continuam os mesmos de dois anos atrás... Por todo
este tempo só estiveram adormecidos...
BEIJA: Do que o senhor está
falando, vigário?
PADRE: Do seu amor por
Antonio Sampaio...
BEIJA: Nossa, está tão na
cara assim?
PADRE: Seus olhos brilharam
quando ele entrou na sacristia. Onde está aquela mulher que estava aos prantos?
Tudo passou com a presença dele... Seus olhos o seguiram até desaparecer no
horizonte...
BEIJA: Para o senhor eu não
preciso mentir. Na verdade nunca o esqueci. Apesar de tudo o que me aconteceu,
acho que só vivi por esse dia: reencontrá-lo e dizer-lhe o quanto o amo...
PADRE: Mas não se iluda. A
situação agora é outra... Acho que dificilmente a tradicional família Sampaio
permitiria sua união com Antonio...
BEIJA: Eu sei disso. Mas
não tenho pressa. Quem sabe daqui a algum tempo, levando uma vida digna e
honesta aqui no arraial, como antigamente, não volte a ser merecedora da
confiança de todos, inclusive da família Sampaio?
PADRE: Para Deus nada é
impossível, basta ter fé, minha filha...
Mais tarde, Fortunato e o delegado Belegarde visitam a amiga.
Tomam um chá na varanda.
BELEGARDE: Ainda bem que não
fui à missa hoje. Levantei com muita dor nas costas e resolvi ficar em casa.
FORTUNATO: Felizmente nem em
missa eu vou. Sou ateu confesso! Religião nada mais é que uma ferramenta de
dominação das mentes fracas!
BEIJA: Vocês não perderam
nada... Me arrependi amargamente de ter pisado lá...
BELEGARDE: Não se importe com
isso, Beija, essas beatas não têm o que fazer...
FORTUNATO: (cheio de malícia) É
um bando de solteironas que nunca provaram os prazeres da vida (risos)...
BELEGARDE: De prazeres você
entende, não é, amigo Fortunato? Também, não sai da Rua da Lama... (risos)
BEIJA (se divertindo): Ah,
meus amigos... Só vocês mesmo para me fazer sorrir depois de um dia de tanto
desgosto... Obrigado por serem meus amigos.
FORTUNATO: É um prazer termos
Beija como nossa amiga, e saiba que sempre estaremos do seu lado, para o que
der e vier...
BELEGARDE (atacando mais um
brioche): Ainda mais com uns biscoitinhos gostosos como esses, estaremos sempre
por perto (risos)...
Enquanto isso, no curral da fazenda, durante a ordenha da
tarde...
VADO, o capataz: Fale a
verdade, Antonio, ocê foi até aquela sacristia somente para ver Beija, não foi?
ANTONIO (evasivo): Não...
Fui falar do meu casamento com Aninha Felizardo...
VADO: Olhe aqui nos meus
olhos e me responda uma coisa: Você ainda ama Beija, não ama?
Antonio hesita em responder.
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