No capítulo anterior...
Antonio
chega da casa de Beija e é surpreendido pelo pai
Vado
descobre onde ele passou a noite
Antonio
e Beija estão em estado de êxtase pela noite de amor
Vado
mostra a Antonio sua dura realidade
CAP. 21
VADO: Me diga, Tonho, o
quê que ocê vai fazer agora? Vai assumir seu romance com Beija e comprar briga
com o resto do mundo?
ANTONIO: É, meu amigo, talvez
você tenha razão... A minha situação tá muito mais complicada do que
imaginava...
VADO: Eu sei que ocê gosta
dela e está deslumbrado com essa noite de amor, mas ocê não pode apagar o
passado dela, fingir que nada aconteceu... Beija é mulher dama. Já pensou
quando ocê sair pelo arraiá e todo mundo ficar te apontando, comentando? Ocê tá
preparado pra isso?
ANTONIO: Sinceramente, acho
que não...
VADO: Ocê é um hôme de
sangue quente... Vai meter bala na cara do primeiro que fizer gracinha com a
sua cara... Eu te conheço...
ANTONIO: E ainda tem o meu
pai e a minha mãe... Ela eu ainda levo na conversa, mas o velho Sampaio é um
galho que não enverga de jeito nenhum... Aquilo ali, depois de bater o pé...
Acabou!
VADO: Então... Pense um
pouco, hôme... Isso não pode dar certo. É melhor ocê tomar juízo agora para
evitar complicação depois...
ANTONIO: Então você acha que
minha melhor alternativa é casar com Aninha e ficar quieto no canto?
VADO: É Tonho... Pode não
ser a que ocê quer, mas com certeza é a
melhor...
ANTONIO: Mas e Beija, o que
eu faço com ela? Não consigo tirar aquela mulher da minha cabeça...
Nos dias seguintes Antonio volta várias vezes à chácara e as
noites de amor se sucedem. O clima de paixão e envolvimento é total. Porém
Beija desconhece as barreiras que este amor está por enfrentar e Antonio é
atormentado por muitos questionamentos.
BEIJA: Estou tão feliz,
Antonio... Cheia de planos, de energia... Pensei até em desistir de construir
meu palacete na cidade... Acho que podemos ficar por aqui mesmo, na chácara...
ANTONIO: E por que ficar
aqui?
BEIJA: Podemos encher essa
casa de filhos e será melhor para as crianças uma casa espaçosa, na fazenda,
com muito quintal para correr, brincar...
ANTONIO: Realmente você está
empolgada mesmo...
BEIJA: Estou tão feliz com
nosso reencontro, com tudo que estamos vivendo, que gostaria de sair correndo,
gritando para o mundo inteiro, sabe? Espalhar essa felicidade, dividi-la com
todos... (percebendo a indiferença dele)
Engraçado... Parece que você não está muito empolgado... Aconteceu alguma
coisa?
ANTONIO: Ainda não... Mas
ando muito preocupado com essa situação toda. Não sei como a minha família vai
reagir quando souber que estamos nos encontrando...
BEIJA: Oras, seus pais me
adoram... Dona Ceci é minha segunda mãe... Não creio que isso seja o maior dos
problemas...
ANTONIO: Não é bem assim,
Beija. Tem toda a sua história com o Ouvidor... A morte do seu avô... O povo do
arraial lhe acusa de ter matado seu João...
BEIJA: Meu Deus, mas será
que as pessoas não vão se esquecer disso? Posso entender que essas acusações
partam dos estranhos, mas não creio que venham de pessoas tão íntimas como seus
pais...
ANTONIO: Uma coisa é certa,
Beija: se quisermos levar em frente nosso relacionamento, vamos ter de
enfrentar muitas barreiras... Muitas...
O clima de desilusão toma conta do ambiente... Aquela noite não
seria como as outras...
No dia seguinte, inconformada com a situação e contra os
conselhos da escrava Severina, Beija resolve visitar Dona Ceci para dissipar
todas as dúvidas. Mal pode imaginar o que lhe aguarda...
BEIJA: Dona Ceci! Quanto
tempo! Que saudades da minha segunda mãe!
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