No capítulo anterior...
Antonio
chega bêbado e o pai lhe cobra explicações
Sampaio
descobre que Antonio esteve com Beija e o recrimina
Padre
Aranha ainda tenta convencer Beija a ficar
Irritado
o coronel Felizardo procura Sampaio
CAP. 30
SAMPAIO: Bom dia, coronel
Felizardo! A julgar pela sua intempestividade imagino que o assunto que o traz
aqui seja realmente grave...
FELIZARDO: E é, coronel
Sampaio, muito sério...
SAMPAIO: Pois bem, vamos lá,
então diga...
Nisso Antonio entra na sala. Pára e fica observando o futuro
sogro.
FELIZARDO: Um capataz viu
Antonio saindo da fazenda de Beija. Isso é verdade?
SAMPAIO (meio sem jeito,
olhando irado para Antonio): De certa forma... Quero dizer.../
FELIZARDO (irritado): Como
assim, Sampaio? É verdade ou não é?
SAMPAIO: É isso que o traz
aqui tão ansioso assim?
FELIZARDO: E você acha pouco?
Falta menos de um mês para o casamento da minha filha e o seu noivo está a se
encontrar com a amante! Quero que isso fique bem claro: minha filha não fará o
papel de idiota nessa história não... Ou Antonio assume esse casamento de vez
ou a coisa não vai prestar...
SAMPAIO: Calma, coronel,
calma... (mudando o tom) É verdade, Antonio esteve lá sim, mas foi a mando meu.
FELIZARDO: Como assim? Você
também perdeu o juízo depois de velho?
SAMPAIO: Mandei para que
resolvesse esta história com Beija de uma vez por todas. Para que não restasse
nenhuma dúvida! Foi isso... Estou ciente de tudo, Felizardo, e tenho
acompanhado cada passo do meu filho. Fique tranqüilo.
FELIZARDO: Ainda bem que essa
maldita está indo embora de São Domingos. Queira Deus que não volte nunca mais!
SAMPAIO: Pode dormir
sossegado. Antonio está sob as minhas vistas. E a palavra de um Sampaio não
volta atrás. Casamento combinado é casamento consumado.
Tudo está pronto para a partida. Os carros de bois enfileirados,
escravos a postos, só aguardando as ordens de Moisés. Beija e Severina se
despedem de dona Gertrudes, a caseira, e caminham para a charrete.
BEIJA (contemplando tudo à
sua volta): Ah Severina... Um dia fui tão feliz nesse lugar... Você não imagina
o quanto...
SEVERINA: A Sinhá fala de seu
avô?
BEIJA: Ele me enchia de
carinho, de beijos. Divertia-me... Faltava adivinhar o meu desejo: o quitute, o
doce, a brincadeira... (e como se visse um flash back) Ainda me vejo correndo
pelo meio dessas flores e ele, com o sorriso largo, sempre me esperando de braços
abertos...
SEVERINA: A sinhá sente muita
falta dele, não é?
BEIJA (com uma lágrima
escorrendo pela face): Muita, Severina... Muita... É um vazio tão grande que
nunca será preenchido...
SEVERINA: Eu posso imaginar...
BEIJA (secando a lágrima e
mudando o tom): Mas agora vamos embora porque o Rio de Janeiro nos aguarda.
Vamos começar tudo de novo!
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