No capítulo anterior...
Felizardo
procura Sampaio para tirar satisfações
Sampaio
mente que mandou Antonio procurar Beija
Garante
ainda que o casamento está confirmado
Beija
relembra o avô e chora na partida da fazenda
CAP. 31
Severina e Beija embarcam na charrete e seguem. Na passagem pelo
arraial muitos se aglomeram na porta da hospedaria para ver sua partida.
FORTUNATO (se aproximando):
Tem certeza que vai mesmo nos deixar, minha querida?
BEIJA: Não vou lhes
deixar... Meus verdadeiros amigos estarão sempre aqui (apertando a mão contra o
peito) no fundo do meu coração...
PADRE ARANHA: Você está mesmo
segura do que está fazendo, minha filha?
BEIJA: Estou, vigário. Não
poderia viver aqui da forma que estava...
PADRE: Mas você mal chegou,
não deu tempo ao tempo...
BEIJA: Parece que tem
feridas que não cicatrizam nunca, Padre. Tanto tempo se passou e tudo continua
como se tivesse sido ontem.
PADRE: Você me parece tão
convicta que não me resta outra alternativa senão lhe desejar sorte na sua nova
vida.
BEIJA: Isso, Padre, me
deseje sorte, muita sorte!
Ela acena para todos e a comitiva parte rumo ao Rio de Janeiro.
À distância Antonio observa tudo. Pouco depois, quando as coisas se acalmam,
ele procura o vigário na sacristia.
ANTONIO (com voz embargada):
Padre... Ela se foi...
PADRE: Sim, filho, foi
tentar a vida no Rio de Janeiro.
ANTONIO: Mais uma vez eu fui
fraco! Não fui capaz de lutar pelo nosso amor.
PADRE: Não se culpe por
isso, tem coisas que não são pra ser...
ANTONIO: Beija tinha razão,
eu não fui capaz de lutar por ela!
PADRE: Não dependia apenas
de você. Já é um homem noivo, compromissado com outra. Não vale a pena ficar
lutando contra o destino.
ANTONIO: Mesmo quando a gente
quer muito esse outro destino?
PADRE: Mesmo assim... Você
sofrerá um pouco agora, mas no futuro entenderá que tudo aconteceu para o seu
bem.
ANTONIO (mais confortado):
Será mesmo, vigário?
PADRE: Filho, Deus escreve
certo por linhas tortas. Se Ele quis assim, é porque assim será melhor para
todos.
Mais tarde, Antonio e Vado conversam na varanda da fazenda.
VADO: Foi bom ter
acontecido assim, porque agora ocê tira essa mulher da cabeça de uma vez por
todas.
ANTONIO: Não sei... Ela ficou
em Paracatu dois anos e não passei um único dia sem pensar nela.
VADO: Deixa de ser besta,
hôme, ocê agora vai casar com outra. Vai ter mulher a hora que quiser... Daqui
uns dia nem vai mais lembrar de Beija...
ANTONIO: Sei não, Vado, sei
não... Depois de tudo que a gente viveu nesses últimos dias, tantas noites de
amor, de paixão, acho muito difícil esquecer Beija.
O coronel os surpreende.
SAMPAIO: Do quê mesmo que os
senhores estão falando?
Continua amanhã...
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