15 de dez. de 2011

Encontro do Século - CAP. 28



No capítulo anterior...
Antonio fica sabendo da partida de Beija
Ele procura a amada para convencê-la a ficar
Os dois discutem e cada um fala de seus motivos
Beija aceita ficar desde que Antonio desista de se casar com Aninha Felizardo

CAP. 28

BEIJA: Desista de casar-se com Aninha e assuma um compromisso comigo.
ANTONIO: Não posso fazer isso, Beija. Sabes que meu pai não permitiria. Já assumiu compromisso com o Coronel Felizardo.
BEIJA (fria): Então está decidido: vou-me embora de Araxá. E o senhor, por gentileza retire-se de minha casa e não volte mais, amenos que seja convidado.
ANTONIO: Beija, não acredito que esteja radicalizando a esse ponto!
BEIJA (nervosa): Antonio, não insulte o meu bom senso! Não me faça perder as estribeiras! Você se abala da sua casa aqui para me impedir de ir embora, e propõe que me torne a sua amante enquanto você vai satisfazer os caprichos de seus pais e se casar com aquela sonsa lá? Oras! Faça-me o favor! Não seja ridículo!
ANTONIO: Mas... Beija...
BEIJA (cortando): Sem perder o pouquinho de dignidade que resta, retire-se daqui!

Contrariado, Antonio sai. Faltam-lhe palavras para argumentar. Logo em seguida Severina adentra a sala com um copo de água para a patroa.

SEVERINA: A Sinhá fez bem. Ele não deu provas de que lhe ame de verdade. Mostrou-se um verdadeiro covarde.
BEIJA: Você tem razão, mas no fundo só Deus sabe o quanto me custa botar esse homem porta afora... Eu o amo e você sabe disso melhor do que ninguém... Melhor do que ele mesmo...
SEVERINA: Sei, Sinhá. E é por isso que apóio sua decisão de ser dura com ele. Se quiser realmente lhe merecer, tem de fazer por onde...

Horas mais tarde, já refeita, Beija e Severina continuam arrumando as tralhas para a mudança.

BEIJA: Estava enganada quando pensei que pudesse reconstruir minha vida em Araxá. Sabe como é, no fundo a gente sempre tem uma esperança de que tudo vai mudar, de que tudo vai conspirar a nosso favor. Mas bem sabemos que a realidade nunca é como queremos...
SEVERINA: A Sinhá é uma mulher muito bonita, inteligente, pode ter o destino que quiser...
BEIJA: Não, Severina, é um engano pensar isso... Não vês aqui em São Domingos? O nome, o dinheiro, a fama não me impediram de ser rejeitada pelo povo, de ser acusada de coisas horríveis...
SEVERINA: Não digo aqui, Sinhá, falo de qualquer outro lugar do mundo... Do Rio de Janeiro...
BEIJA: Preciso acreditar que no Rio de Janeiro as coisas serão diferentes... Senão passarei minha vida inteira fugindo, vagando de vila em vila... Acredito que lá será diferente, porque que é um lugar grande, com muitas pessoas. E o que é melhor: ninguém conhece a mim, nem ao meu passado.
SEVERINA: E o Ouvidor, não ficará aborrecido com a presença da Sinhá?
BEIJA: Motta nem precisará saber de minha presença. Talvez nem esteja mais no Rio de Janeiro. De qualquer forma não poderá expulsar-me de lá...

Antonio chega em casa altas horas, decepcionado, depois de embebedar-se na hospedaria e na casa de Candinha da Serra. Sampaio o aguarda sentado em sua velha poltrona de couro no canto da sala.

SAMPAIO: Por onde andou senhor Antonio? Eu posso saber?

Continua amanhã...

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