No capítulo anterior...
Antonio
fica sabendo da partida de Beija
Ele
procura a amada para convencê-la a ficar
Os dois
discutem e cada um fala de seus motivos
Beija
aceita ficar desde que Antonio desista de se casar com Aninha Felizardo
CAP. 28
BEIJA: Desista de casar-se
com Aninha e assuma um compromisso comigo.
ANTONIO: Não posso fazer
isso, Beija. Sabes que meu pai não permitiria. Já assumiu compromisso com o
Coronel Felizardo.
BEIJA (fria): Então está
decidido: vou-me embora de Araxá. E o senhor, por gentileza retire-se de minha
casa e não volte mais, amenos que seja convidado.
ANTONIO: Beija, não acredito
que esteja radicalizando a esse ponto!
BEIJA (nervosa): Antonio,
não insulte o meu bom senso! Não me faça perder as estribeiras! Você se abala
da sua casa aqui para me impedir de ir embora, e propõe que me torne a sua
amante enquanto você vai satisfazer os caprichos de seus pais e se casar com
aquela sonsa lá? Oras! Faça-me o favor! Não seja ridículo!
ANTONIO: Mas... Beija...
BEIJA (cortando): Sem
perder o pouquinho de dignidade que resta, retire-se daqui!
Contrariado, Antonio sai. Faltam-lhe palavras para argumentar.
Logo em seguida
Severina adentra a sala com um copo de água para a patroa.
SEVERINA: A Sinhá fez bem. Ele
não deu provas de que lhe ame de verdade. Mostrou-se um verdadeiro covarde.
BEIJA: Você tem razão, mas
no fundo só Deus sabe o quanto me custa botar esse homem porta afora... Eu o
amo e você sabe disso melhor do que ninguém... Melhor do que ele mesmo...
SEVERINA: Sei, Sinhá. E é por
isso que apóio sua decisão de ser dura com ele. Se quiser realmente lhe merecer,
tem de fazer por onde...
Horas mais tarde, já refeita, Beija e Severina continuam
arrumando as tralhas para a mudança.
BEIJA: Estava enganada
quando pensei que pudesse reconstruir minha vida em Araxá. Sabe como é, no
fundo a gente sempre tem uma esperança de que tudo vai mudar, de que tudo vai
conspirar a nosso favor. Mas bem sabemos que a realidade nunca é como
queremos...
SEVERINA: A Sinhá é uma mulher
muito bonita, inteligente, pode ter o destino que quiser...
BEIJA: Não, Severina, é um
engano pensar isso... Não vês aqui em São Domingos? O nome, o dinheiro, a fama não me
impediram de ser rejeitada pelo povo, de ser acusada de coisas horríveis...
SEVERINA: Não digo aqui,
Sinhá, falo de qualquer outro lugar do mundo... Do Rio de Janeiro...
BEIJA: Preciso acreditar
que no Rio de Janeiro as coisas serão diferentes... Senão passarei minha vida
inteira fugindo, vagando de vila em vila... Acredito que lá será diferente, porque
que é um lugar grande, com muitas pessoas. E o que é melhor: ninguém conhece a
mim, nem ao meu passado.
SEVERINA: E o Ouvidor, não
ficará aborrecido com a presença da Sinhá?
BEIJA: Motta nem precisará
saber de minha presença. Talvez nem esteja mais no Rio de Janeiro. De qualquer
forma não poderá expulsar-me de lá...
Antonio chega em casa altas horas, decepcionado, depois de
embebedar-se na hospedaria e na casa de Candinha da Serra. Sampaio o aguarda
sentado em sua velha poltrona de couro no canto da sala.
SAMPAIO: Por onde andou
senhor Antonio? Eu posso saber?
Continua amanhã...
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