14 de dez. de 2011

Encontro do Século - CAP. 27



No capítulo anterior...
Beija comunica num jantar que vai embora de Araxá
Padre Aranha, Fortunato e Belegarde ficam inconsoláveis
Fortunato comenta a novidade perto de Vado
Antonio fica sabendo e procura a amada

CAP. 27

BEIJA: Como ousas invadir a minha casa assim?
ANTONIO: Não podes fazer isto comigo. Não podes partir desse arraial...
BEIJA: E como soube disso?
ANTONIO: Não importa como... O importante é que não quero que parta. Preciso de você aqui...
BEIJA (indiferente): Antonio, tudo na vida é uma questão de escolhas. Ora escolhemos uma coisa, ora escolhemos outra. Porém a cada escolha corresponde uma conseqüência. E você fez a sua: me abandonar para casar com Aninha Felizardo.
ANTONIO: Sabes muito bem que não fiz escolha. O destino está me empurrando pra isso...
BEIJA (irônica): Ah.... O destino... Engraçado... Quando fui desonrada, meu avô assassinado e raptada para viver com o Ouvidor em Paracatu, ninguém se socorreu desse argumento para me defender... Todos me condenaram sem dó nem piedade...
ANTONIO (tentando argumentar): São coisas diferentes...
BEIJA: Ora, faça-me o favor, senhor Antonio Sampaio... Diga-me: o que é diferente? O Senhor não está sendo obrigado a uma situação? Eu também fui... A diferença é que o senhor é homem e eu sou mulher. Os homens podem tudo e as mulheres, nada! Estou certa?
ANTONIO: Beija, fique, por favor... Em algum momento vou contornar essa situação e ficaremos livres para viver o nosso amor...
BEIJA: Você nunca lutou por mim, Antonio, você foi incapaz de lutar por nosso amor. Em Paracatu você se acovardou e não teve coragem de me procurar. Aqui você foi incapaz de falar qualquer coisa contra o seu pai e a sua mãe para defender. É isso que você chama de amor?
ANTONIO: Não seja injusta comigo. Tentei todos os argumentos, mas meu pai continua irredutível e minha mãe o apóia...
BEIJA: Aceitou o casamento com Aninha passivamente, sem tomar nenhuma atitude... Esse casamento foi resolvido em dois tempos, sem questionamentos, sem nada... Difícil acreditar em você...
ANTONIO: Você não me ama? Então acredite em mim...
BEIJA: Já te dei a prova. Não voltei de Paracatu pra cá? Não enfrentei toda essa gente de cabeça erguida, mesmo sofrendo o diabo, com as beatas batendo a porta na minha cara ou se retirando da missa só porque entrei na igreja?
ANTONIO (exaltado, cortando): Mentira, Beija! Mentira! Você voltou para São Domingos porque o Ouvidor não quis lhe levar para a Corte. Pensa que todos aqui não sabem disso?
BEIJA: Está vendo como o que digo é verdade? Você prefere acreditar no primeiro cachorro que abane o rabo ao seu lado a acreditar na mulher que você diz que ama... Está vendo como tenho razão?
ANTONIO (desanimado): Ai, Beija, como você é difícil... Como é cabeça dura! Como faço para colocar um pouquinho de juízo nessa cabeça?
BEIJA: Muito fácil. Siga o seu caminho e deixe-me seguir o meu. Vá se casar com Aninha Felizardo, ter um monte de filhos e uma mulher gorda e submissa zanzando pela casa. Pelo visto é isto que te faz feliz...
ANTONIO (segurando-a nos ombros): Não amo Aninha. É a você que eu quero. É a você que eu amo!
BEIJA (decidida): Está bem. Desisto de ir embora e fico em Araxá. Você desiste de casar-se com Aninha e assume um compromisso comigo?

Continua amanhã...

Nenhum comentário:

Postar um comentário