30 de abr. de 2012

Encontro do Século - CAP. 145



No capítulo anterior...
Chalaça chega e está ansioso para se deitar com Beija
Ela o recebe fria, porém gentil
Muito ansioso, Chalaça falha na hora H
Beija se diverte contando para a escrava o acontecido
O Príncipe procura por Chalaça, que está deitado de ressaca
Pedro pergunta a Beija o quê o Ouvidor fazia em sua casa

CAP. 145

BEIJA: Pedro, de novo esse assunto? Foi exatamente aquilo que ouviu: Motta foi me levar um convite de D. Veridiana, só isso...
PEDRO (irritado): Só isso? Por acaso tenho cara de idiota, Beija? Você se ausenta do palácio por dois dias e exatamente nesses dois dias Motta resolve procurá-la na sua casa? Faça-me o favor! Não seria mais correto procurá-la aqui no palácio, já que agora vive aqui?
BEIJA: Não sei explicar porque resolveu aparecer lá, mas posso garantir, não tenho nada com o Dr. Motta. O assunto era mesmo o convite da esposa, que aliás nem vou aceitar, porque não me simpatizo com aquela senhora. Há algo nela que não me agrada...
PEDRO: Há sim, Beija, ciúmes do marido. Todo mundo sabe que Veridiana é um poço de ciúmes e todo mundo percebe os olhares gulosos que lança sobre você...
BEIJA: Pedro, você fala de um jeito... Parece que sou culpada por ser desejada...
PEDRO: Estou farto disso! Não suporto esse bando de homens lhe cortejando, andando atrás de você como cachorrinhos, beijando seus pés e prontos a lhe estender o tapete...
BEIJA: Você está com ciúmes... Isso é bom, significa que me ama de verdade...
PEDRO: Mas não estou achando graça nenhuma nisso. Minha vontade é voar na goela desses marmanjos e lhes ensinar bons modos!
BEIJA: Calma, meu amor. O importante é que sou só sua. Deixe que os outros olhem, suspirem, desejem... Mas no fundo você é meu único dono...
PEDRO: Já falei na cara do Motta que não o quero rondando a sua casa. E você faça-me o favor de não ficar dando corda. Não dê liberdade, não aceite convites, nada! Mantenha-se distante daquele sujeito. Conheço muito bem o Ouvidor. Com aquele lá não se pode facilitar.
BEIJA: Você fez mesmo isso? Obrigado por me defender, meu amor, obrigado.

Depois do almoço, nas baias...

PEDRO: Por onde andou, Chalaça? O guarda me disse que chegou com o dia clareando...
CHALAÇA: Verdade. Foi uma noite longa...
PEDRO: Mas me diga, o quê aconteceu de tão bom assim, que o fez perder a noção do tempo?
CHALAÇA: Uma nova mulata que chegou à taverna. Meu amigo, se lhe contar você não vai acreditar... Aquilo não é mulher, é uma máquina de prazer...
PEDRO: Posso imaginar... Dia desses vou aparecer por lá para conhecê-la...
CHALAÇA: Mas você me parece meio sério, sisudo... Aconteceu alguma coisa?
PEDRO: Sim. Beija e eu acabamos de ter uma discussão. Estive em sua casa ontem e com quem me deparo lá, fazendo uma visitinha de cortesia? Motta, o Ouvidor Motta. Justo nos dois dias em que Beija se afastou do palácio?
CHALAÇA: Ora, Pedro, está cismado à toa... Motta é um homem íntegro, correto, merecedor da confiança de seu pai há anos... Não creio que seria capaz de uma atitude dessas...
PEDRO: Mas você bem sabe que quando o assunto é mulher, sua fama também vem de longa data... Prefiro não correr riscos e já o adverti logo para que fique longe de Beija!
CHALAÇA: Desnecessário, meu caro Pedro. O Ouvidor não teria a audácia de cortejar justamente a “Favorita do Regente”...
PEDRO: Mas, afinal, porque defende tanto o Ouvidor Motta?

Continua amanhã...

28 de abr. de 2012

Encontro do Século - CAP. 144



No capítulo anterior...
Pedro pergunta a Motta o quê foi fazer na casa de Beija
O Príncipe o alerta para fique longe de sua amada
Severina orienta a patroa a tomar cuidado
Chalaça chega e está ansioso para se deitar com Beija

CAP. 144

Moisés o aguarda no portão e o conduz ao interior da casa.

Corta para a sala. A anfitriã o recebe de maneira fria, porém gentil.

BEIJA: Aceita um conhaque, senhor Chalaça?
CHALAÇA: Aceito. É bom para esquentar os ânimos. Como Beija está linda! É um sonho vê-la assim, de camisola... Como sonhei com isso...

Depois de algumas taças, o casal segue para um quarto de visitas. Mas o inesperado acontece.

CHALAÇA (frustrado): Não é possível! Isso nunca me aconteceu antes!
BEIJA (com certo sarcasmo): Ora, Chalaça, não precisa ter vergonha de mim... Sei que isso acontece a todos os homens.
CHALAÇA: Nunca fui de negar fogo, não, Beija. Não sei o que aconteceu hoje...
BEIJA: Eu sei. Foi excesso de expectativa. Você está tão ansioso e tão afoito que seu corpo não consegue responder a tantos estímulos... Tenha mais calma... Quem sabe numa próxima vez...
CHALAÇA: E vou exigir essa próxima vez. Esteja certa disso.
BEIJA: Está bem. Mas esta chantagem só vai durar até a hora que eu resolver contar tudo a Pedro, porque nesse dia, duvido que ele não queira chutar o seu traseiro! (ríspida) E agora vista-se e vá embora logo! E quando chegar naquele palácio mantenha distância de mim.

Chalaça sai da casa humilhado. Dali mesmo segue para a taverna mais próxima.

Amanhece o dia...

BEIJA: Severina, me traga um pouco de leite frio. Este está muito quente...
SEVERINA (trazendo o leite): Sinhá, como foi a visita do Sr. Chalaça?
BEIJA: Foi ótima! (risos) Você nem imagina... (risos)
SEVERINA: Por que a Sinhá ri tanto? Aconteceu alguma coisa engraçada?
BEIJA: Sim, o infeliz falhou... Não deu conta de fazer o serviço... (risos)
SEVERINA: Mas certamente voltará outras vezes...
BEIJA (séria): Desgraçado! Ele que me aguarde! Acha que isso vai ficar barato? Ele não perde por esperar!

Horas mais tarde, no palácio...

PEDRO: Viu o Chalaça por aí?
GUARDA: Alteza, ele tá no quarto dormindo...
PEDRO: A essa hora? Aconteceu alguma coisa?
GUARDA: Sim, ele chegou da cidade agora de manhãzinha. Sem querer falar mal, Alteza, mas tava bêbado feito uma cabaça.
PEDRO: Ah sim... Isso explica tudo... Pode deixar, mais tarde falo com ele.

Pedro segue para o escritório e manda chamar Beija.

PEDRO: Pronto, Beija, agora somos só você e eu. Quero que me explique: o quê o Ouvidor Motta estava fazendo em sua casa?

Continua segunda-feira...

27 de abr. de 2012

Encontro do Século - CAP. 143



No capítulo anterior...
Pedro chega à casa de Beija e se depara com Motta
Ela diz que o Ouvidor foi levar um recado da esposa
Há um mal estar geral entre os três
Pedro se retira e ordena que Motta o procure no Paço Real
O Príncipe quer saber o motivo da visita a Beija

CAP. 143

PEDRO: Não pense que engoli aquela história do convite de Veridiana...
MOTTA: Mas é a mais pura verdade. Se Vossa Alteza quiser posso trazer minha esposa aqui para lhe confirmar toda a história.
PEDRO: Não será necessário. Desta vez vou lhe dar um voto de confiança.
MOTTA: Muito agradecido, Alteza.
PEDRO: O que me pareceu bem claro é que o Ouvidor está rondando a casa de Beija com segundas intenções, como tantos outros da Corte têm feito nos últimos meses. Mas deixo claro uma coisa: não quero saber do senhor Ouvidor rondando aquela casa. Eu lhe conheço muito bem, Motta, e sei que não perdoa um rabo de saia. Mas ali não... Beija tem dono...
MOTTA: Está bem, Alteza, já entendi o recado. Com sua licença.

No corredor, inconformado, Motta resmunga:

MOTTA: Tem dono! Cretino! O primeiro dono fui eu, idiota!

De volta à Rua do Ouvidor...

BEIJA: Essa foi por pouco! Se não tivesse guardado o bendito presente...
SEVERINA: A Sinhá tem de tomar muito cuidado...
BEIJA: Eu sei, Severina, mas o infeliz do Motta não tinha nada de aparecer. Avisei que não me procurasse aqui, que aguardasse meu chamado...
SEVERINA: Dr. Motta é perdidamente apaixonado pela Sinhá. Não mede esforços para reconquistá-la, isso está na cara dele...
BEIJA: Pro diabo o Motta com o seu amor! Será que pensa que pode ter algum sentimento meu depois de tudo que me fez?
SEVERINA: A Sinhá acha que D. Pedro ficou desconfiado de alguma coisa?
BEIJA: Acho? Tenho é certeza! Só pelo jeito dele, percebi que não gostou nem um pouco. Só não fez grosseria porque Motta é amigo de D. João há muitos anos... Motta pegou Pedro no colo, é como se fosse um tio...
SEVERINA: Será que foi por causa desse assunto que mandou Dr. Motta procurá-lo no Paço?
BEIJA: Posso apostar que sim...
SEVERINA: E acho bom a Sinhá pensar numa boa desculpa, porque quando reencontrar D. Pedro, ele vai estar uma arara de bravo com a Sinhá...
BEIJA: Amanhã estarei de volta ao Paço e lá Pedro tem de ser mais contido. Certamente não vai se exceder. Só preciso torcer para que não resolva passar aqui no final da tarde ou começo da noite...
SEVERINA: Na calada da noite a Sinhá ainda tem de receber o senhor Chalaça...
BEIJA: Nem me lembre disso! Como se já não tivesse problemas o suficiente, ainda me aparece mais esse lambe-botas!

Passa da onze da noite. A cidade dorme em silêncio. Chalaça chega em frente ao portão, ansioso, esfrega as mãos e cheio de más intenções.

CHALAÇA: É hoje que vou me dar bem. Finalmente consegui! Beija será minha...

Continua amanhã...

26 de abr. de 2012

Encontro do Século - CAP. 142



No capítulo anterior...
Chalaça diz que deseja se deitar com Beija
Ela implora para que vá embora, mas ele insiste
Chalaça revela que sabe do caso de Beija com Motta
Diz ainda que conhece todo seu passado em Minas
Chantageada, Beija concorda em se deitar com ele
Motta aparece para visitar Beija e lhe dar um presente
Pedro surge inesperadamente e se assusta com a presença de Motta

CAP. 142

MOTTA (sem jeito) Alteza... Como vai? (faz a reverência)
PEDRO: Não sabia que mantinha laços de amizade com Dona Beija...
BEIJA (intervindo): Dona Veridiana... Motta veio me trazer um convite de dona Veridiana, é isso...
PEDRO (desconfiado): E porque ela mesma não veio fazer o convite?
MOTTA: Falta de tempo, e também estava vindo visitar um compadre aqui perto, então aproveitei para chegar até aqui... Mas agora acho melhor ir andando...
BEIJA: O café, Dr. Motta, aguarde o café...

Severina entra com a bandeja e serve a todos. O mal estar é geral.

Logo depois do cafezinho...

PEDRO: Bem, também não posso me demorar. Estou a caminho do Paço e só passei aqui para dar um beijo em Beija. Não quero atrapalhar a conversa de vocês.
MOTTA: Imagine, Alteza, sua presença só nos alegra.
PEDRO: Já estou de saída...
BEIJA: Já, meu amor? Nem esquentou o assento...
PEDRO: Já. Tenho vários compromissos antes do anoitecer. (já saindo) Motta, me procure no Paço ainda hoje. (abraça Beija) Até mais ver. (sai)

Depois da saída do Príncipe, Beija se transforma e põe pra fora toda a sua ira.

BEIJA: Está vendo só a confusão que você me meteu? Não te disse para não me procurar aqui?
MOTTA: Puxa, mas como poderia imaginar que ele apareceria aqui?
BEIJA: Pedro vem aqui do nada, sem avisar, sem dia, sem horários, sem nada. Ainda bem que já tinha guardado o pacote que me trouxe...
MOTTA: Desculpe, não queria lhe causar este constrangimento.
BEIJA: Vá embora e não volte aqui nunca mais! Amenos que eu o convide! Não adianta ficar me cortejando fazendo o papel do cavalheiro apaixonado porque nada mudou entre nós!
MOTTA: Mas pensei que.../
BEIJA (cortando): Pensou errado, criatura! Só porque sou gentil e educada não significa que esqueci das coisas. Nossa reaproximação é fruto de uma chantagem! Esqueceu-se disso? Ou acha que me esqueci desse detalhe?
MOTTA: Está bem, Beija, já estou indo...
BEIJA: Vá embora! Somente apareça quando os escravos lhe enviarem meu recado. Deixe-me em paz, pelo amor de Deus!

Motta se retira constrangido. E dali segue direto para o Paço, sem nem imaginar qual o motivo do chamado.

Corta para o Paço Real, não muito longe dali, algum tempo depois.

PEDRO: Motta, que história é essa de visitar Dona Beija?

Continua amanhã...