31 de mai. de 2012

Encontro do Século - CAP. 172



No capítulo anterior...
Pedro fica encantado ao conhecer Domitília
A moça fica deslumbrada, mas o pai a rechaça
Domitília traiu o marido e por isso quase foi assassinada
Pedro e Domitília se encontram às escondidas e fazem amor
O Príncipe a convida para viver no Rio de Janeiro

CAP. 172

DOMITÍLIA: Mas Vossa Alteza não é um homem casado?
PEDRO: E quem disse que o papel pode impedir um homem de viver um grande amor?
DOMITÍLIA: Se não impede um homem, poderá impedir uma mulher?
PEDRO: Claro que não. Sou casado sim, mas nada impede que lhe doe meu coração, assim como todo o meu corpo e algumas horas do meu dia.
DOMITÍLIA: Se o Príncipe assim o diz, eu confio e aceito seu convite.
PEDRO: Então prepare todas as suas coisas. Em alguns dias mando mensageiro para lhe buscar.

De volta à sala da propriedade, Pedro fica conhecendo a outra filha do fazendeiro.

TC JOÃO: Alteza, esta é Benedita, minha outra filha.
BENEDITA: Alteza, realmente é mais bonito pessoalmente do que diziam.
PEDRO: Obrigado pela gentileza, senhorita. Também estou encantado.

Domitília olha à distância, desconfortável com a situação.

TC JOÃO: Benedita é casada com Boaventura Delfim Pereira.
BENEDITA: Ora, papai, diz que sou casada só para me fazer parecer mais velha...
DOMITÍLIA (aproximando): E você é realmente a mais velha, não é mesmo, irmãzinha?
TC JOÃO: Meninas, não vão começar a troca de gentilezas, principalmente na frente de Sua Alteza, não é mesmo?
DOMITÍLIA: Tem razão, meu pai, melhor preparar alguma coisa para Sua Alteza beber...

Pedro fica sem graça e percebe que o clima entre as irmãs não é dos melhores.

Pouco depois elas se encontram a sós na copa.

DOMITÍLIA: Deixe de ser intrometida e fique longe do Príncipe!
BENEDITA: Está despeitada só porque gostou mais de mim do que de você?
DOMITÍLIA: Se enxerga, Benedita! Não tenho a menor dúvida de que gostou mais de mim. Você é que está se atirando feito uma desesperada!
BENEDITA: Não tenho culpa se sou mais interessante que você!
DOMITÍLIA: Não me faça rir! Todo mundo diz que a mais bonita sou eu! Coloque-se no seu lugar! Dê-se o respeito! Você é uma mulher casada!
BENEDITA: E você, por acaso é solteira? Sua situação é pior... Você é uma mulher largada pelo marido! E se quer saber, o Príncipe também é casado.
DOMITÍLIA: E daí? Mas está interessado em mim. Convidou-me para viver com ele no Rio de Janeiro...
BENEDITA: E depois quem está se atirando sou eu... Aposto até que já se deitou com ele, não é mesmo, adúltera?

O clima fica tenso, mas quando as duas vão se pegar nos tapas, Pedro aparece:

PEDRO: Do quê mesmo as senhoritas estão falando?

Continua amanhã...

30 de mai. de 2012

Encontro do Século - CAP. 171



No capítulo anterior...
Às margens do Riacho Ipiranga D. Pedro proclama a Independência do Brasil
Tenente-Coronel João sugere uma grande comemoração
A comitiva segue para sua fazenda nos arredores de Santos
Pedro vê quando escravos conduzem uma liteira com bela jovem
TC João apresenta a Pedro sua filha Domitília
Pedro fica encantado com a beleza da moça

CAP. 171

PEDRO: Devo confessar que esta é a mais bela paulista que meus olhos já viram.
TC JOÃO: Domitília já foi casada, mas seu marido não foi digno dela. Homem rude e ignorante, teve a ousadia de espancá-la. E filha minha não foi feita para ser espancada. Imediatamente a trouxe de volta para debaixo do meu teto.
PEDRO: Mas como o infeliz teve a audácia de fazer uma coisa dessas? Numa linda jovem como essa não se bate nem com flores...
DOMITÍLIA: Papai, se não se incomoda, preferia que não falasse nesse assunto.
TC JOÃO: Está bem filha. Vamos celebrar a presença do Príncipe Regente e comemorar a Independência do Brasil.
PEDRO: Disse-me que tinha boas cachaças por aqui, de sua própria fabricação. Pode me servir alguma?
TC JOÃO: Claro, Alteza. É pra já.

Os olhares de Pedro e Domitília não se separam mais... TC João serve as bebidas.
Após a saída do Príncipe...

DOMITÍLIA: Meu pai, como é galante esse Príncipe! Ficou me olhando de um jeito... Acho que gostou de mim...
TC JOÃO: D. Pedro é um homem casado, filha. Não pode assumir compromisso.
DOMITÍLIA: E quem está falando em compromisso, meu pai?
TC JOÃO: Tome cuidado. Você já se deu mal uma vez com as suas espertezas. Não vá me aprontar de novo.
DOMITÍLIA: Não precisa ficar me lembrando isso, papai. Sei que errei muito, mas não pretendo repetir o mesmo erro.
TC JOÃO: Não é porque você é minha filha que vou acobertar suas mazelas. Seu ex-marido estava coberto de razão quando tentou lhe matar. Só porque a espancava, não lhe dava o direito de se deitar com outro. Se eu pegasse sua mãe na cama com um estranho, também mataria os dois...
DOMITÍLIA: Já chega, papai. Não quero ficar remoendo esse passado.
TC JOÃO: Então fique alerta para não cair no mesmo buraco de novo.

Pedro e Domitília passam a se seguir por olhares. E não demora muito para o casal se isolar dos demais e armar um encontro às escondidas.

PEDRO: Não pude resistir, me senti tomado de amores por ti desde o primeiro instante que a vi. (e a beija com paixão)
DOMITÍLIA (acariciando-lhe a barba): Também senti algo que nunca havia sentido antes...
PEDRO: Fiquei satisfeito quando ouvi seu pai dizendo que era uma mulher separada. Assim as coisas se tornam muito mais práticas entre nós.
DOMITÍLIA: Modéstia à parte, apesar da pouca idade, já vivi muita coisa...
PEDRO: Então vamos viver esse momento como se ele fosse único.

Eles se beijam longamente. As carícias vão aumentando de intensidade, as roupas vão sendo retiradas e o casal faz amor ali mesmo, na grama, à beira do riacho.

PEDRO: Estou extasiado com tudo que vivemos nesses últimos minutos. Quero repetir esses momentos muitas e muitas vezes. Gostaria de viver comigo no Rio de Janeiro?

Continua amanhã...

29 de mai. de 2012

Encontro do Século - CAP. 170



No capítulo anterior...
D. Pedro anuncia ao povo que ficará no Brasil
D. Leopoldina reclama da presença de Beija no Paço Real
Pedro discute com Beija sobre as relações do Brasil com Portugal
Beija o aconselha a ir a Minas e São Paulo
Na volta de Santos D. Pedro proclama a Independência do Brasil

CAP. 170

A euforia toma conta de todos os presentes. A maioria dos guardas nem entende direito o que está se passando, mas pacientemente Pedro explica a importância daquela atitude que acabara de tomar.

Um dos homens da comitiva, o Tenente-Coronel João de Castro, que acompanhava D. Pedro desde Santos, faz uma proposta.

TC JOÃO: Alteza, permita-me dar-lhe uma sugestão.
PEDRO: Pois não, Coronel.
TC JOÃO: Podemos voltar até minha fazenda e fazermos uma grande festa para comemorar a Independência do Brasil.
PEDRO: Mas Santos já ficou pra trás...
TC JOÃO: Minha fazenda não fica exatamente em Santos. Teremos de voltar apenas algumas léguas. É por uma boa causa, Alteza. Um acontecimento tão solene merece comemoração.
PEDRO: Está bem. Vamos comemorar então!

Pedro reúne os homens e informa a decisão de voltar.

Depois de algumas horas de marcha a comitiva estaciona no vasto descampado à frente da fazenda.

TC JOÃO: Vou mandar matar uma vaca. Alteza, pode designar alguns homens para buscar lenha, armar os braseiros e alguns para buscar os tonéis de cachaça?
PEDRO: Só se trouxerem uma boa branquinha pra mim.
TC JOÃO: Para Vossa Alteza tenho vinhos vindos direto da França.
PEDRO: Dispenso os vinhos da França, amigo. Prefiro uma boa cachaça.
TC JOÃO: Vossa Alteza quem manda.

Horas mais tarde, Pedro nota quando quatro escravos passam conduzindo uma liteira. Dentro dela uma bela senhorita lhe chama a atenção. Solícito, Pedro toma o lugar de um dos escravos e transporta a bela jovem até a entrada principal da casa.

Em silêncio ele estende a mão e ajuda a moça a descer. Admirada com tamanha gentileza, ela nada diz, nem mesmo agradece.

Ao se juntar aos homens que se deliciam com o churrasco...

PEDRO: Alguém sabe me dizer quem é aquela bela jovem?
GUARDA 1: Infelizmente não, Alteza.
GUARDA 2: Bonita daquele jeito, deve ser casada, mas como Vossa Alteza é um Príncipe...
PEDRO: O quê é que tem?
GUARDA 2: Certamente poderá conhecer a moça melhor...
PEDRO: Huuummm... Deu-me uma boa idéia... João de Castro poderá dar esta resposta.

Quando Pedro adentra a sala, a moça está de pé ao lado do Tenente-Coronel, dono da casa.

TC JOÃO: Alteza, se me permite, quero lhe apresentar uma pessoa: esta é Domitília de Castro do Canto e Melo, minha filha.
PEDRO (beijando-lhe a mão): Encantado, senhorita.

Os dois se olham longamente.

Continua amanhã...

28 de mai. de 2012

Encontro do Século - CAP. 169



No capítulo anterior...
D. João nomeia Pedro como “Príncipe Regente do Brasil”
Em seguida parte com a família para Portugal
Alguns meses se passam e as relações entre Brasil e Portugal se complicam
Pedro se torna freqüentador da chácara de Beija
Ele a informa dos últimos acontecimentos e pede conselhos
Pedro anuncia ao povo que ficará no Brasil

CAP. 169

Terminado o discurso na sacada, Pedro volta para o salão, onde diversos assessores e pessoas mais próximas o aguardam. O príncipe os cumprimenta um a um e abraça Beija, com especial desvelo. Mas D. Leopoldina não gosta nem um pouco do que vê.

LEOPOLDINA: Não entendo o que esta mulher está fazendo aqui. Antes seus conchavos políticos eram tramados fora dos muros palacianos, agora traz esta sujeita para o meio de nossos salões, e ainda lhe dedica especial atenção.
PEDRO: Não seja ciumenta, Leopoldina. Beija é uma grande mulher, uma grande conselheira. Entende mais de política do que muitos dos meus assessores.
LEOPOLDINA: Pelo visto não só de política como de muitos outros assuntos mais, não é mesmo?
PEDRO: Está sendo implicante agora.
LEOPOLDINA: Não me sinto bem com a presença dela aqui. Todos sabem de seu ramo de negócio.
PEDRO: Por hora basta. Preciso dar atenção aos presentes.

O clima de euforia e comemoração domina todo aquele resto de dia e entra pela noite adentro.

Semanas depois as repercussões da decisão de D. Pedro começam a pipocar por diversas partes do território. Numa de suas visitas à Chácara Cedro, o assunto vem à tona.

PEDRO: Soube que há revoltas na província de São Paulo e Minas também exige a minha presença.
BEIJA: Acredito que seja prudente ir às Minas Gerais, pelo menos para agradecer o apoio que tem recebido.
PEDRO: Mas o que me preocupa mesmo são as revoltas de São Paulo. Não sei como, mas ainda há quem defenda a submissão a Portugal.
BEIJA: Vá a São Paulo também, oras. Você tem muitos contatos lá. Só precisa reunir algumas pessoas formadoras de opinião, para que abracem a sua causa. Um movimento é feito por líderes. Se convencê-los a lhe apoiar, dificilmente a massa ficará contra ti.
PEDRO: Tem razão. Estava relutando em fazer esta viagem, mas talvez tenha chegado o momento oportuno.

Pedro viaja até a província das Minas Gerais. Sua popularidade é atestada pela grande recepção que tem. Ali agradece o apoio recebido, participa de várias reuniões e segue para a província de São Paulo.

No caminho entre Santos e a cidade de São Paulo, Pedro descansa com sua comitiva às margens do Riacho Ipiranga. Um cavaleiro os alcança com cartas de José Bonifácio e D. Leopoldina lhe informando dos últimos acontecimentos. Portugal exige o retorno imediato do Príncipe a Lisboa e caso esta ordem não seja cumprida, o Brasil sofrerá uma ação militar.

Após ler, Pedro caminha de um lado para outro, pensativo, visivelmente nervoso, sem que nenhum dos presentes ouse perturbar-lhe o raciocínio. Ele puxa a espada da bainha e ergue, sob os olhares admirados de todos.

PEDRO: Independência ou morte! A partir deste momento estão rompidos todos os laços que nos uniam a Portugal! O Brasil agora é um país livre e independente! Ou isso, ou a guerra!

Continua amanhã...