No capitulo anterior...
Antonio
comunica seu casamento com Aninha Felizardo
Beija
fica decepcionada
Antonio
fala das dificuldades que o relacionamento deles enfrentaria
Diz que
o pai o deserdaria e o expulsaria de casa
Beija
propõe mudar de Araxá e sustentar Antonio
CAP. 25
BEIJA: Vamos embora daqui,
de uma vez por todas, viver o nosso amor?
ANTONIO: E ser um homem
sustentado pela mulher? Isso nunca!
BEIJA: Está vendo? Você não
faz nenhuma concessão para ficar comigo, não abre mão de nada! Nem da sua
família, do casamento com aquela infeliz, nem do seu orgulho besta, nada!
ANTONIO: Isso não é verdade.
Fiz muito para ficar com você. Até a Paracatu eu fui...
BEIJA: E porque não me
procurou? Teria abandonado tudo e fugido com você...
ANTONIO: A Beija que eu vi em
Paracatu não era a Beija que conhecia. Você estava tão feliz e sorridente nos
braços do Ouvidor que sequer me atrevi a interromper sua felicidade...
BEIJA: Fingimento! Tudo
fingimento! Nunca fui feliz ali. Me comportava daquele jeito tentando enganar a
mim mesma e aos outros... Por que não me procurou, Antonio?
(Pausa) Beija chora enquanto Antonio tem uma certa dificuldade
para lidar com a situação.
ANTONIO: É melhor deixarmos
que as coisas sigam seu caminho natural. Cada um segue o seu caminho. Quem sabe
daqui a algum tempo as coisas mudam?
BEIJA (irônica): Mudam...
Depois que estiver casado, cheio de filhos... Muda o quê? Vou ter que me
contentar com as sobras de Aninha Felizardo? Agora sou eu quem digo: isso
nunca! (decidida) Aliás, Antonio, sua escolha já foi feita e veio aqui apenas
me comunicar sua decisão. Pois bem, o comunicado foi feito e você já pode se
retirar.
ANTONIO: Calma, Beija, não é
bem assim... Calma...
BEIJA (empurrando-o até a
porta): Vá embora, Antonio e não volte nunca mais! Passar bem, senhor Antonio
Sampaio, passar bem (e bate a porta).
Ela escora na porta e chora amargamente. Pouco depois Severina
corre em socorro da patroa.
SEVERINA (levantando-a): Não
fique assim... A Sinhá não pode sofrer desse jeito... Ele não merece.
BEIJA (chorosa): Você
ouviu, Severina? Ele não abre mão de nada para ficar comigo... Nada...
SEVERINA: Vamos para o quarto.
A Sinhá precisa descansar um pouco. Vou lhe preparar uma sopinha de legumes bem
gostosa...
Na manhã seguinte, no pasto da fazenda dos Sampaio...
VADO: E como ficou a sua
situação com Beija?
ANTONIO: Acho que rompemos de
vez...
VADO: Ocê fez o que devia
fazer. Esse caso d’oceis não tinha futuro mesmo. Ainda mais contra a vontade do
seu Sampaio e da dona Ceci... Ocê fez a coisa certa.
ANTONIO: Fiz, Vado, mas meu
coração está partido em
pedaços. Eu amo Beija e nunca deixei de sonhar com o dia que
voltasse para São Domingos. Pensava que bastava ela pisar aqui pra gente reatar
e viver nossa história... E agora as coisas acontecem dessa maneira...
VADO: Seu relacionamento
com Beija nunca daria certo... Imagina, com quantos hôme ela num deve ter se
deitado em
Paracatu... Cada vez que ocê fosse num lugar ficaria morrendo
de medo que algum lhe apontasse o dedo, debochasse da sua cara... Já pensou
nisso?
ANTONIO: Já, já pensei sim. E
meteria bala na cara do primeiro engraçadinho que se atrevesse a tanto...
(pausa) Pensando bem, você tem razão: foi melhor assim... Melhor cortar o mal
pela raiz. Agora eu preciso é sufocar esse sentimento dentro de mim... Preciso
matar esse amor que sinto no meu peito...
Beija reúne para um jantar especial o Padre Aranha, Fortunato,
Belegarde. Os escravos Moisés, Josué, Flaviana e Severina se postam na entrada
da sala.
BEIJA: Meus amigos, meus
empregados, diante dos últimos acontecimentos, diante do meu desentendimento
com Dona Ceci e meu rompimento com Antonio Sampaio, resolvi convocá-los porque
tomei uma importante decisão, talvez a mais importante da minha vida.
Continua amanhã...
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