27 de jul. de 2012

Encontro do Século - CAP. 220



No capítulo anterior...
Beija revela que Pedro Antonio não é filho de Motta
Escravos acusam o Ten. Moraes pelo atentado a Benedita
Domitília acusa Moraes de incompetência
Motta procura o Imperador e conta sobre Pedro Antonio
O Imperador procura Beija para cobrar explicações
Pedro encontra a casa em chamas e acredita que Beija morreu

CAP. 220

Pedro fica muito aflito e corre na direção das chamas, na intenção de constatar a presença de Beija e salvá-la, se for o caso, mas é interrompido pelo serviçal, que tenta inutilmente apagar as chamas.

JOSUÉ: Sua Alteza pode ficá tranquilo. Dona Beija num tava na casa. Nem ela, nem ninguém. Dona Beija resolveu num dá expediente hoje e tocou pra cidade logo que escureceu.
PEDRO: Obrigado, Josué. Vou atrás dela agora mesmo.

Corta para a casa na cidade.

BEIJA (assustada): Pedro? O que faz aqui a essa hora da noite? O que houve?
PEDRO: Não sabe o que houve? Sua casa na chácara se transformou em cinzas... Não sobrou nada...
BEIJA: Meu Deus! Então Benedita tinha razão...
PEDRO: E o que deu em você para sair de lá após o anoitecer? Sabia de alguma coisa?
BEIJA: Não sei. Premonição, ajuda divina, sei lá. De repente me deu uns arrepios e me veio a ideia de que deveria sair dali o mais rápido possível. Mais cedo Moisés e Josué me alertaram para umas pessoas estranhas rondando a chácara. Existia uma suspeita de que isso pudesse acontecer. Benedita havia me alertado. Reuni os escravos e parti. Pedro Antonio, Tereza e Joana já estavam aqui na cidade...
PEDRO: Aliás, foi para falar de Pedro Antonio que vim aqui. Motta me contou toda a história... Porque escondeu isso de mim, Beija? Um filho poderia ter mudado tudo entre nós...
BEIJA: Estava na maior felicidade do mundo para lhe contar a novidade, só que você anunciou que iria se casar com Leopoldina. O mundo desabou na minha cabeça... Depois tive medo que quisesse tomar o menino de mim... E assim os anos foram se passando...
PEDRO: Mas não podia ter me escondido isso... Meu Deus, como é a vida! Acabo de perder um filho de dezoito anos e de repente ganho um de dez... É um milagre, só pode ser...
BEIJA: Espero que compreenda e possa me desculpar por isso.
PEDRO: Apesar do acontecido, não sabe o quanto isso me deixa feliz! Você merece um prêmio por ter me dado esse filho. A partir de hoje lhe concedo o título de “Marquesa de Araxá”! Vamos fazer um brinde! E depois vai me contar direitinho essa história da Benedita... (sorriem felizes)

Dias depois, no gabinete do Imperador.

PEDRO: Não há mais nenhuma dúvida de que foi você, Moraes, o responsável pelo incêndio na casa de Beija e pelo atentado à Benedita. Agora quero que me responda apenas uma pergunta. Se me disser a verdade, alivio sua punição. Se mentir, posso agravá-la e quem sabe, condená-lo à morte. Você agiu sozinho ou a mando de alguém?
TEN. MORAES: Não sei se Vossa alteza vai acreditar em mim, mas agi a mando de dona Domitília. Foi a Marquesa que mandou que acabasse com as duas.

Pedro fica chocado.

Horas depois, no mesmo gabinete...

PEDRO (irritado): Domitília, você perdeu completamente a noção de tudo! Onde já se viu uma coisa dessas: encomendar a morte da própria irmã?! Você está ficando doente. A sua sede por dinheiro, poder, por esse maldito trono está lhe tornando uma pessoa cruel, desalmada, capaz de passar por cima de tudo e de todos!
DOMÍTILIA (se fazendo de frágil): Pedro, só fiz isso por amor... Só fiz isso para tê-lo só pra mim... Não imagina o quanto o amo.
PEDRO: Conversa! Se me amasse tanto assim tanto não estaria se deitando com outro. E não adianta dizer que foi uma única vez porque sei que não foi. Onde pretende chegar com isso? Na hipótese de nos casarmos, o que faria comigo? Envenenaria-me para herdar o trono?
DOMITÍLIA: Não diga isso, Pedro, sabe que nunca faria uma coisa dessas.
PEDRO: Não sei. Não te reconheço mais. Nada me lembra aquela jovem doce e meiga que conheci em São Paulo. Tornou-se uma mulher cruel, amarga, vingativa, disposta a tudo pelo poder.
DOMITÍLIA: Está bem, eu prometo mudar. Voltarei a ser a Titília de antes.
PEDRO: Agora é tarde. Está sendo acusada por dois crimes e não posso colocar panos quentes, sob pena de abalar meu próprio prestígio. Só há uma alternativa: deve deixar o Rio de Janeiro imediatamente. Só assim escapará das acusações.
DOMITÍLIA: Está bem. Se não tenho alternativa, farei isso.

Dois dias depois, no sobrado da Rua do Ouvidor.

PEDRO (com flores nas mãos): Minha querida, com a descoberta da paternidade de Pedro Antonio, que encheu-me de felicidade, e com o caminho livre da presença de Domitília, tudo leva a crer que a partir de agora podemos formar uma família verdadeiramente feliz. Beija, quer se casar comigo?

Continua amanhã...

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