No capítulo anterior...
Beija
revela que Pedro Antonio não é filho de Motta
Escravos
acusam o Ten. Moraes pelo atentado a Benedita
Domitília
acusa Moraes de incompetência
Motta
procura o Imperador e conta sobre Pedro Antonio
O
Imperador procura Beija para cobrar explicações
Pedro
encontra a casa em chamas e acredita que Beija morreu
CAP. 220
Pedro fica muito aflito e corre na direção das chamas, na
intenção de constatar a presença de Beija e salvá-la, se for o caso, mas é
interrompido pelo serviçal, que tenta inutilmente apagar as chamas.
JOSUÉ: Sua Alteza pode ficá
tranquilo. Dona Beija num tava na casa. Nem ela, nem ninguém. Dona Beija
resolveu num dá expediente hoje e tocou pra cidade logo que escureceu.
PEDRO: Obrigado, Josué. Vou
atrás dela agora mesmo.
Corta para a casa na cidade.
BEIJA (assustada): Pedro?
O que faz aqui a essa hora da noite? O que houve?
PEDRO: Não sabe o que
houve? Sua casa na chácara se transformou em cinzas... Não sobrou nada...
BEIJA: Meu Deus! Então
Benedita tinha razão...
PEDRO: E o que deu em você
para sair de lá após o anoitecer? Sabia de alguma coisa?
BEIJA: Não sei. Premonição,
ajuda divina, sei lá. De repente me deu uns arrepios e me veio a ideia de que deveria
sair dali o mais rápido possível. Mais cedo Moisés e Josué me alertaram para
umas pessoas estranhas rondando a chácara. Existia uma suspeita de que isso
pudesse acontecer. Benedita havia me alertado. Reuni os escravos e parti. Pedro
Antonio, Tereza e Joana já estavam aqui na cidade...
PEDRO: Aliás, foi para
falar de Pedro Antonio que vim aqui. Motta me contou toda a história... Porque
escondeu isso de mim, Beija? Um filho poderia ter mudado tudo entre nós...
BEIJA: Estava na maior
felicidade do mundo para lhe contar a novidade, só que você anunciou que iria
se casar com Leopoldina. O mundo desabou na minha cabeça... Depois tive medo
que quisesse tomar o menino de mim... E assim os anos foram se passando...
PEDRO: Mas não podia ter me
escondido isso... Meu Deus, como é a vida! Acabo de perder um filho de dezoito
anos e de repente ganho um de dez... É um milagre, só pode ser...
BEIJA: Espero que
compreenda e possa me desculpar por isso.
PEDRO: Apesar do
acontecido, não sabe o quanto isso me deixa feliz! Você merece um prêmio por
ter me dado esse filho. A partir de hoje lhe concedo o título de “Marquesa de
Araxá”! Vamos fazer um brinde! E depois vai me contar direitinho essa história
da Benedita... (sorriem felizes)
Dias depois, no gabinete do Imperador.
PEDRO: Não há mais nenhuma
dúvida de que foi você, Moraes, o responsável pelo incêndio na casa de Beija e
pelo atentado à Benedita. Agora quero que me responda apenas uma pergunta. Se
me disser a verdade, alivio sua punição. Se mentir, posso agravá-la e quem
sabe, condená-lo à morte. Você agiu sozinho ou a mando de alguém?
TEN. MORAES: Não sei se Vossa
alteza vai acreditar em mim, mas agi a mando de dona Domitília. Foi a Marquesa
que mandou que acabasse com as duas.
Pedro fica chocado.
Horas depois, no mesmo gabinete...
PEDRO (irritado):
Domitília, você perdeu completamente a noção de tudo! Onde já se viu uma coisa
dessas: encomendar a morte da própria irmã?! Você está ficando doente. A sua
sede por dinheiro, poder, por esse maldito trono está lhe tornando uma pessoa
cruel, desalmada, capaz de passar por cima de tudo e de todos!
DOMÍTILIA (se fazendo de
frágil): Pedro, só fiz isso por amor... Só fiz isso para tê-lo só pra mim...
Não imagina o quanto o amo.
PEDRO: Conversa! Se me
amasse tanto assim tanto não estaria se deitando com outro. E não adianta dizer
que foi uma única vez porque sei que não foi. Onde pretende chegar com isso? Na
hipótese de nos casarmos, o que faria comigo? Envenenaria-me para herdar o
trono?
DOMITÍLIA: Não diga isso,
Pedro, sabe que nunca faria uma coisa dessas.
PEDRO: Não sei. Não te
reconheço mais. Nada me lembra aquela jovem doce e meiga que conheci em São
Paulo. Tornou-se uma mulher cruel, amarga, vingativa, disposta a tudo pelo
poder.
DOMITÍLIA: Está bem, eu prometo
mudar. Voltarei a ser a Titília de antes.
PEDRO: Agora é tarde. Está
sendo acusada por dois crimes e não posso colocar panos quentes, sob pena de
abalar meu próprio prestígio. Só há uma alternativa: deve deixar o Rio de
Janeiro imediatamente. Só assim escapará das acusações.
DOMITÍLIA: Está bem. Se não
tenho alternativa, farei isso.
Dois dias depois, no sobrado da Rua do Ouvidor.
PEDRO (com flores nas
mãos): Minha querida, com a descoberta da paternidade de Pedro Antonio, que
encheu-me de felicidade, e com o caminho livre da presença de Domitília, tudo
leva a crer que a partir de agora podemos formar uma família verdadeiramente
feliz. Beija, quer se casar comigo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário