No capítulo anterior...
Domitília
é acordada porque o pequeno Pedro está muito mal
O
médico chega, mas o quadro é grave e o menino morre
Leopoldina
briga com Pedro porque ele está fora há vários dias
Pedro
pede que a esposa seja compreensiva
Mas ela
diz “basta” e o expulsa para a casa da Marquesa
Pedro
se recusa a sair de seu próprio palácio
Leopoldina
diz que vai para um convento, mas levará os filhos do casal
CAP. 208
PEDRO (nervoso): Nem passe
pela sua cabeça uma coisa dessas! Jamais vou permitir que tire os meus filhos
de dentro da minha casa! Se quiser sair daqui, que saia sozinha!
LEOPOLDINA: Se não sai você, se
não saio eu, qual será então a solução para essa situação? Será que o mais
sensato é trazer a Marquesa para dormir entre nós? Porque é só isso que está
faltando. Só falta o Imperador transformar o palácio numa versão tropical de
Sodoma e Gomorra!
PEDRO: Leopoldina, entendo
o quanto esteja nervosa, mas pare de dizer absurdos. Sabe que nunca faria uma
coisa dessas.
LEOPOLDINA: De um devasso como
você, não sei mais o que esperar, ou melhor, posso esperar tudo. Tudo de mais
baixo e vil, todas as formas de depravação humana!
Pedro lhe dá um tapa na cara. A Imperatriz começa a chorar e se
descontrola ainda mais. Momento de muita tensão. Ela avança pra cima do marido
e o esbofeteia também.
LEOPOLDINA: Bate, ordinário!
Bate mais, covarde! Bate na mãe dos seus filhos! Para as prostitutas você dá
títulos, dá casa, dá carinho, afeto! Para a mãe dos seus filhos sobram as
bofetadas! Bata, se for homem! Mas bata com vontade! Vamos, desconte toda a
raiva que tem mim, ordinário! Devasso! Covarde!
Pedro perde a cabeça e a esbofeteia com violência, jogando-a no
chão.
As crianças choram e gritam apavoradas com a situação. Momento
dramático. Paranaguá e o casal de embaixadores invadem o quarto e imploram para
que o Imperador pare de espancar a esposa. A embaixatriz tenta, em vão, retirar
as crianças que se agarram à mãe.
Com certa dificuldade a situação é contornada.
Semanas depois, no sobrado da Rua do Ouvidor...
JOSEFA: Já não aguentava de
tanta curiosidade para ver o rosto da minha netinha.
BEIJA: Não imagina o prazer
que me dá em recebê-la aqui. Mas conte, como está São Domingos, como está sua
gente?
JOSEFA: A vida ali segue,
sem muitas novidades. Parece que o tempo parou naquele lugar. Mas sei muito bem
o que quer perguntar. Se quer saber notícias de Antonio Sampaio, continua
casado com Aninha Felizardo, cheios de filhos. É um por ano. Quanto aos outros
estão todos bem: Fortunato, Belegarde... Só Padre Aranha que lhe mandou um
recado...
BEIJA: É mesmo? E o que ele
pediu para me dizer?
JOSEFA: Disse que não está
nada satisfeito com a chácara que você abriu. Disse que é uma mulher temente a Deus
e que a melhor coisa que tem a fazer é vender esta chácara e doar o dinheiro
para as obras assistenciais da igreja.
BEIJA (desconversando):
Padre Aranha, Padre Aranha... Para ele nenhuma ovelha está perdida... (risos)
(e para João Carneiro) E você, João, o que está achando da vida em São
Domingos?
JOÃO: Muito monótona. Pra
quem estava acostumado ao agito do Rio de Janeiro, São Domingos é uma lástima.
Mas pelo lado pessoal e profissional está sendo muito bom. Estou tendo a
oportunidade de colocar em prática todos os ensinamentos que aprendi aqui,
além, é claro, de estar ao lado do meu pai, que é um grande profissional.
Corta para o quarto da Imperatriz.
Leopoldina deitada, bastante abatida, um pouco descabelada e com
alguns hematomas no rosto. Lentamente a porta se abre.
PEDRO: Desculpe interromper
seu descanso, mas surgiu uma emergência na Província Cisplatina e terei de
seguir pra lá hoje mesmo. Mas não poderia partir sem antes conversar com você.
Continua amanhã...
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