12 de jul. de 2012

Encontro do Século - CAP. 208



No capítulo anterior...
Domitília é acordada porque o pequeno Pedro está muito mal
O médico chega, mas o quadro é grave e o menino morre
Leopoldina briga com Pedro porque ele está fora há vários dias
Pedro pede que a esposa seja compreensiva
Mas ela diz “basta” e o expulsa para a casa da Marquesa
Pedro se recusa a sair de seu próprio palácio
Leopoldina diz que vai para um convento, mas levará os filhos do casal

CAP. 208

PEDRO (nervoso): Nem passe pela sua cabeça uma coisa dessas! Jamais vou permitir que tire os meus filhos de dentro da minha casa! Se quiser sair daqui, que saia sozinha!
LEOPOLDINA: Se não sai você, se não saio eu, qual será então a solução para essa situação? Será que o mais sensato é trazer a Marquesa para dormir entre nós? Porque é só isso que está faltando. Só falta o Imperador transformar o palácio numa versão tropical de Sodoma e Gomorra!
PEDRO: Leopoldina, entendo o quanto esteja nervosa, mas pare de dizer absurdos. Sabe que nunca faria uma coisa dessas.
LEOPOLDINA: De um devasso como você, não sei mais o que esperar, ou melhor, posso esperar tudo. Tudo de mais baixo e vil, todas as formas de depravação humana!

Pedro lhe dá um tapa na cara. A Imperatriz começa a chorar e se descontrola ainda mais. Momento de muita tensão. Ela avança pra cima do marido e o esbofeteia também.

LEOPOLDINA: Bate, ordinário! Bate mais, covarde! Bate na mãe dos seus filhos! Para as prostitutas você dá títulos, dá casa, dá carinho, afeto! Para a mãe dos seus filhos sobram as bofetadas! Bata, se for homem! Mas bata com vontade! Vamos, desconte toda a raiva que tem mim, ordinário! Devasso! Covarde!

Pedro perde a cabeça e a esbofeteia com violência, jogando-a no chão.

As crianças choram e gritam apavoradas com a situação. Momento dramático. Paranaguá e o casal de embaixadores invadem o quarto e imploram para que o Imperador pare de espancar a esposa. A embaixatriz tenta, em vão, retirar as crianças que se agarram à mãe.

Com certa dificuldade a situação é contornada.

Semanas depois, no sobrado da Rua do Ouvidor...

JOSEFA: Já não aguentava de tanta curiosidade para ver o rosto da minha netinha.
BEIJA: Não imagina o prazer que me dá em recebê-la aqui. Mas conte, como está São Domingos, como está sua gente?
JOSEFA: A vida ali segue, sem muitas novidades. Parece que o tempo parou naquele lugar. Mas sei muito bem o que quer perguntar. Se quer saber notícias de Antonio Sampaio, continua casado com Aninha Felizardo, cheios de filhos. É um por ano. Quanto aos outros estão todos bem: Fortunato, Belegarde... Só Padre Aranha que lhe mandou um recado...
BEIJA: É mesmo? E o que ele pediu para me dizer?
JOSEFA: Disse que não está nada satisfeito com a chácara que você abriu. Disse que é uma mulher temente a Deus e que a melhor coisa que tem a fazer é vender esta chácara e doar o dinheiro para as obras assistenciais da igreja.
BEIJA (desconversando): Padre Aranha, Padre Aranha... Para ele nenhuma ovelha está perdida... (risos) (e para João Carneiro) E você, João, o que está achando da vida em São Domingos?
JOÃO: Muito monótona. Pra quem estava acostumado ao agito do Rio de Janeiro, São Domingos é uma lástima. Mas pelo lado pessoal e profissional está sendo muito bom. Estou tendo a oportunidade de colocar em prática todos os ensinamentos que aprendi aqui, além, é claro, de estar ao lado do meu pai, que é um grande profissional.

Corta para o quarto da Imperatriz.

Leopoldina deitada, bastante abatida, um pouco descabelada e com alguns hematomas no rosto. Lentamente a porta se abre.

PEDRO: Desculpe interromper seu descanso, mas surgiu uma emergência na Província Cisplatina e terei de seguir pra lá hoje mesmo. Mas não poderia partir sem antes conversar com você.

Continua amanhã...

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