No capítulo anterior...
Benedita
se afoga na praia. Beija e seus escravos a salvam
Ela diz
que será leal e agradecida a Beija
Chalaça
e o Imperador visitam um batalhão do Exército
A
semelhança entre um soldado e Pedro intriga Chalaça
Pedro
faz perguntas e deduz que não conhece a mãe do rapaz
Benedita
e Pedro fazem amor na Fazenda Santa Cruz
A
escrava acorda Domitília porque o pequeno Pedro está muito mal
CAP. 207
DOMITÍLIA: Acorde os escravos.
Mande alguém atrás do médico e outro atrás de Pedro. Vamos!
Já no quarto do garoto, Domitília faz compressas com panos
úmidos em suas têmporas quando o médico chega.
O mensageiro retorna.
ESCRAVO: Sinhá, D. Pedro num
tá no palácio. Diz que foi pra fazenda Santa Cruz.
DOMITÍLIA: Então vá atrás dele,
criatura, pelo amor de Deus! Vá logo!
Horas depois, quando Pedro chega, Domitília vem recebê-lo aos
prantos.
DOMITÍLIA: Nosso filho morreu,
Pedro! Nosso Pedrinho morreu...
Mesmo chocado Pedro a afaga em seus braços. Seguem-se dias de
muito sofrimento.
Corta para a Quinta da Boa Vista.
LEOPOLDINA (nervosa): Pedro, tem
mais de uma semana que não aparece aqui no palácio. Tem mais de uma semana que
está trancafiado na casa da Marquesa. Todos estão comentando. É um absurdo!
Você é um homem casado, tem família, tem compromissos a honrar!
PEDRO: Paranaguá está à
frente de todos os meus compromissos. Titília está precisando muito de mim.
Acabou de perder um filho com menos de um ano de idade. Você é mãe, não
compreende isso?
LEOPOLDINA: Compreendo!
Compreendo! O problema é esse: sou compreensiva demais! Há anos que venho sendo
compreensiva sem que ninguém me compreenda.
PEDRO: Eu lhe peço, seja
compreensiva, só mais um pouco. Logo tudo isso passa e a vida volta ao normal.
LEOPOLDINA: Basta, Pedro! Basta!
Já suportei tudo que poderia suportar! Já que não se importa comigo, nem com
sua família que vive nessa casa, vá viver com a Marquesa! Mude-se para a mansão
de São Cristóvão e vá viver feliz com ela!
PEDRO: Está me expulsando
da minha própria casa?
LEOPOLDINA: Sim, estou! Já que
não é feliz aqui, vá buscar sua felicidade lá! Mas chega de me fazer sofrer!
Deixe-me em paz!
Ouvindo os gritos e o falatório, o Marquês de Paranaguá tenta
interferir.
PARANAGUÁ: Com licença, Alteza,
está tudo bem aqui?
PEDRO (ríspido): Não vê
que estamos no meio de uma discussão? Deixe-nos a sós! (o Marquês se retira
constrangido)
LEOPOLDINA: Está vendo as
situações às quais me submete? Faça isso, Pedro, vá viver com Domitília. Vamos
acabar com esse martírio de uma vez por todas...
PEDRO: Não entende que não
posso sair daqui? Sou um imperador e não posso abandonar meu próprio palácio.
Seja sensata, criatura de Deus.
LEOPOLDINA: Está bem. Se não sai
você, saio eu. Vou para o mosteiro dos Monges Franciscanos, até que meu pai
venha me buscar. Mas com um detalhe: meus filhos irão junto comigo!
Continua amanhã...
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