No capítulo anterior...
Pedro
não se lembra de quem possa ser aquela mulher
Ana
lembra o passado e revela a Pedro que Augusto é seu filho
Beija
descobre que Domitília mandou lhe surrar
Augusto
faz um discurso veemente contra o regime
O
Imperador determina que os ministros absolvam o rapaz
Pedro
flagra Domitília e Moraes na cama fazendo sexo
CAP. 216
PEDRO: Mas o que está
acontecendo aqui?
MORAES (apreensivo): Alteza?
Não... Não é nada disso... Não é bem/
PEDRO (cortando): Cala a
boca e suma daqui, seu borra-botas! Meu assunto é com essa vagabunda aí!
Moraes se enrola no lençol e sai apressando apanhando algumas
peças de roupa. Ao passar por Pedro, este lhe desfere um soco na cara.
PEDRO: Fica esperto,
patife! (Moraes foge desesperado)
DOMITÍLIA (de joelhos): Pedro,
por Deus! Pense bem no que vai fazer! Eu sou mãe dos seus filhos...
PEDRO: Agora se lembra
deles, não é mesmo, sua ordinária? Eu devia era lhe encher a boca de bala! Mas
não se preocupe que não vou fazer isso não... Não quero meus filhos órfãos no
mundo. Apesar de ser uma safada, você é mãe deles...
Irado, Pedro pega Domitília pelos cabelos e começa a
esbofeteá-la com violência.
DOMITÍLIA: Pedro, por Deus,
acredite! Só fiz isso para chamar a sua atenção. Há tempos que você só dá
atenção a Beija, é só com ela que conversa. Acredite! Queria chamar a sua
atenção para ver o quanto lhe amo! Por Deus! Pare!
PEDRO (sempre
esbofeteando): Deixa de conversa fiada! Eu lhe conheço muito bem. Beija pelo
menos deita com todos, mas faz tudo às claras, nunca me enganou! Não é como
você que tenta me apunhalar pelas costas! Vagabunda! Ordinária! Me traindo
debaixo do meu próprio teto! Você não vale nada mesmo!
Pedro bate até perder as forças. Domitília fica estirada no
chão, toda descabelada, em prantos.
Corta para um matagal, nos fundos do quartel.
O jovem augusto é trazido algemado e colocado de frente para o
tronco de uma frondosa árvore. O pelotão toma posição a alguns metros com armas
em punho.
CAPITÃO: Vire de costas,
soldado. Será menos doloroso para você.
AUGUSTO (altivo e
orgulhoso): Não! Quero ficar de frente, que é para olhar bem no fundo dos olhos
dos meus algozes.
CAPITÃO: Você é quem sabe.
A alguns metros dali Ana Stanhouse se debate, contida por um
grupo de soldados.
ANA (gritando,
desesperada): Pelo amor de Deus! Não façam isso! É o meu filho! Ele não fez
nada! Parem com isso pelo amor de Deus!
CAPITÃO (ignorando): Pelotão!
Preparar! Apontar! Fogo!
Uma saraivada de tiros e jovem Augusto cai morto, com o corpo
crivado de balas. A mãe se desespera. Cena dramática.
Corta para o gabinete do Imperador, algumas horas depois.
Doze ministros se entreolham assustados, diante da convocação
extraordinária. Pedro, mudo na sua cadeira, visivelmente abalado, aguardando
que o último adentre o recinto.
PEDRO (dirigindo
diretamente): Paranaguá, o que foi que eu disse aos seus ouvidos ontem antes de
me retirar do julgamento daquele rapaz?
PARANAGUÁ (apreensivo): Que
absolvêssemos o rapaz.
PEDRO: E isso não foi feito
por quê?
PARANAGUÁ: O coletivo de
ministros optou por condená-lo. Eu dei o seu recado, Alteza, mas não quiseram
me ouvir.
PEDRO (dirigindo a todos):
Vocês sabem o que fizeram, senhores Ministros? Vocês mataram o meu filho! (um
ooooohh apreensivo ecoa pelo recinto) É isso mesmo! Aquele rapaz que vocês
condenaram ao fuzilamento era meu filho!
Instantes. As lágrimas começam a descer pela sua face. Pedro se
descontrola. Ele começa a dar socos e pontapés nos ministros, enquanto os
distrata.
PEDRO: Malditos! Mil vezes
malditos! Vocês desobedeceram as minhas ordens! Me tiraram o prazer de conviver
com o meu filho! Eu odeio vocês! Estou todos demitidos! Desapareçam das minhas
vistas antes que eu os enforque com as minhas próprias mãos! Malditos! Idiotas!
Imprestáveis!
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