14 de jul. de 2012

Encontro do Século - CAP. 210



No capítulo anterior...
O início da guerra na Cisplatina exige a presença do Imperador
Pedro entra no quarto e pede para falar com Leopoldina
Ele pede perdão e promete refletir sobre tudo na viagem
Pedro beija a esposa e se despede melancólico
Domitília e Chalaça trocam juras de amizade
A Marquesa pergunta quem teria encomendado sua morte
Chalaça afirma que a única interessada seria Beija

CAP. 210

CHALAÇA: Sabemos muito bem que a Imperatriz, mosca morta como é, não seria capaz de uma atitude dessas. Quem seria beneficiado pela sua morte? Quem teria caminho livre para se aproximar do Imperador? Quem foi mal recebida e humilhada na festa da Marquesa? A Viscondessa de Araxá. Só pode ter sido ela. Isso é vigança, Titília, coisa de mulher despeitada.
DOMITÍLIA: Essa Beija me paga! Vai se arrepender de ter cruzado meu caminho! Quer dizer, vai se arrepender no inferno, porque aqui na terra vou acabar com ela!

Pedro embarca para o sul do país.

Nos dias que se seguem a Imperatriz não sai do quarto. Seu estado de saúde se agrava e o médico é chamado.

MÉDICO: Dona Leopoldina estava grávida e sofreu um aborto, provocado, infelizmente, pela sessão de espancamento a que foi submetida. Teve uma forte hemorragia e agora teremos de esperar os próximos dias para ver como seu organismo reage.

O Marquês de Paranaguá e o casal de embaixadores da Áustria acompanham, apreensivos, a evolução do estado de saúde da soberana.

O corre-corre nos corredores do palácio e o entra-e-sai de médicos indica que o quadro não é nada bom.

Domitília tenta ver a Imperatriz, mas é impedida por vários auxiliares. Ela usa de sua autoridade e se desvencilha de alguns deles. Quando coloca a mão na maçaneta da porta, uma mão peluda e forte a impede.

MARQUÊS DE PARANAGUÁ: A senhora não entrará nesse quarto! Retire-se daqui imediatamente!
DOMITÍLIA (arrogante): Vou entrar sim! Afinal de contas sou a dama de companhia da Imperatriz!
PARANAGUÁ: Sabemos muito bem que a senhora não exerce essa função há tempos. Além do mais a imperatriz lhe detesta e está morrendo por sua causa!
DOMITÍLIA: Isso pouco me importa. Quero entrar, só isso! Preciso vê-la!
PARANAGUÁ: Na ausência do Imperador eu sou o governante desse país e caso a senhora ultrapasse essa porta, mando lhe enforcar em praça pública!

Domitília hesita e é colocada porta afora do palácio pelos guardas.

O Marquês entra no quarto e o médico vem ao seu encontro.

MÉDICO: Fizemos tudo que estava ao nosso alcance, Marquês, mas não teve jeito. A Imperatriz acabou de falecer.
MARQUÊS: Ai, meu Deus! (levando as mãos à cabeça)
EMBAIXATRIZ: Tudo culpa da maldita Domitília! Não fosse ela pra transformar a vida de D. Leopoldina num inferno, a coitada estaria viva nesse momento.
EMBAIXADOR: Isso é verdade. Essa mulher desgraçou a vida da nossa pobre Imperatriz.
MARQUÊS: Precisamos avisar D. Pedro, urgentemente...

A notícia da surra e da morte da Imperatriz corre pela cidade como um rastilho de pólvora.

Corta para a Mansão de São Cristóvão.

Domitília está na sala quando ouve um vozerio, conversas altas de pessoas que parecem alteradas, furiosas. Ela consegue distinguir algumas frases:

HOMEM 1: Vamos acabar com ela, do mesmo jeito que ela fez com a nossa Imperatriz!
HOMEM 2: Morte à Marquesa!

Domitília fica em pânico.

Continua segunda-feira...

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