No capítulo anterior...
Domitília
determina a Moraes que mate Beija
Benedita
ouve e alerta Beija para se prevenir
Benedita
revela a Pedro que está grávida e Domitília ouve
Ela
também ordena a morte de Benedita
Escravos
tentam matar Benedita, mas fracassam
Motta
chega de Portugal e procura Beija para ver o filho
CAP. 219
BEIJA: Não posso dizer que
sua visita me enche de alegria, mas em todo caso, entre. Temos algumas coisas a
esclarecer.
MOTTA: Estou ansioso para
ver Pedro Antonio. Já deve estar quase um rapazinho...
Devidamente acomodados...
BEIJA: Tem uma coisa que
preciso lhe dizer: Pedro Antonio não é seu filho. O menino é filho do
Imperador.
MOTTA (irritado): Como
assim, Beija? Você disse a Pedro que o filho era meu... Veridiana aprontou o
maior escândalo... Que conversa é essa agora?!
BEIJA: Eu não queria, e não
podia, revelar a Pedro naquele instante que estava grávida. Depois não quis
contar para feri-lo, para magoá-lo mesmo. Por isso resolvi mentir.
MOTTA: Não poderia ter
feito isso comigo!
BEIJA: Isso não foi nada
perto do que fez comigo. Ou precisa que te lembre novamente?
MOTTA: Não, Beija, não é
necessário remoer esse passado de novo. Já se passaram tantos anos... (sem
graça) Bem, pelo menos me deixe ver o menino então...
BEIJA (para a escrava):
Severina! Traga Pedro Antonio.
Corta para a delegacia.
NEGRO: Nóis fomo procurado,
doutô, por um tenente chamado Morais. Foi ele que pagô pra nóis emboscá a
Baronesa.
DELEGADO: E mandou vocês
fazerem o quê mais?
NEGRO: A orde era pra nóis
matá a Baronesa, mais o danado do Tião disparô a arma ante da hora e assustô os
cavalo.
DELEGADO: Mais ainda assim
vocês continuaram atirando?
NEGRO: Sim, sinhô. Nóis queria fazê o serviço, pra num tê de devorvê o dinheiro. Nóis já tinha recebido, intão tinha de fazê o serviço.
NEGRO: Sim, sinhô. Nóis queria fazê o serviço, pra num tê de devorvê o dinheiro. Nóis já tinha recebido, intão tinha de fazê o serviço.
DELEGADO: Tem certeza disso,
negro? O tenente ordenou que matassem a Baronesa de Sorocaba?
NEGRO: Sim sinhô. Ordenô
sim.
Na manhã seguinte, nos fundos da Casa Amarela...
DOMITÍLIA: Mas você é mesmo um
perfeito incompetente! Nem pra contratar gente boa de serviço você serve!
TEN. MORAES: Desculpe, Titília.
Mas como poderia imaginar que o diabo dos negros não fariam o serviço direito?
E agora, o que a gente faz?
DOMITÍLIA: Por enquanto nada.
Vamos ficar quietos. E trate de fazer o serviço bem feito com Beija. Dessa vez
não poderá haver falhas!
Corta para o gabinete do Imperador, no Paço Imperial.
PEDRO: Meu caro Motta, o
que conta de Lisboa?
MOTTA: Pouca coisa boa,
desde a perda do meu grande amigo, seu pai. Mas não foi para isso que vim aqui.
Da última vez que estive nesse gabinete, Vossa Alteza me expulsou. Espero que
hoje possa me ouvir até o final.
PEDRO: Lembro-me muito bem.
Falávamos do filho que você teve com Beija e fomos surpreendidos por Veridiana,
que ouviu a conversa e virou uma confusão dos diabos...
MOTTA: Exato. Mas descobri
que o filho de Beija tem outro pai. Ouvi da boca da própria.
PEDRO: E quem é o
felizardo, pai do filho dela?
MOTTA: Vossa Alteza.
PEDRO (incrédulo): Isso
não pode ser! Assegurou-me que o filho era seu!
MOTTA: Acho melhor Vossa
Alteza esclarecer suas dúvidas pessoalmente.
Horas depois, noite...
Pedro não se contém de ansiedade e galopa para a Chácara Cedro.
Porém, ao se aproximar da propriedade, nota algo de muito estranho: da casa
sobem imensas labaredas e uma nuvem negra de fumaça domina a paisagem.
Chegando mais perto constata o quão devastador fora aquele
incêndio.
GUARDA: Será que havia
pessoas nessa casa, Alteza? Ninguém poderia sobreviver a um fogaréu desses!
PEDRO (estarrecido): Meu
Deus! Beija morreu!!!
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