No capítulo anterior...
Pedro
não acredita nas acusações de Chalaça contra Beija
O
Príncipe o perdoa desde que não volte a trair sua confiança
Com a
Morte de D. Maria I, a sociedade portuguesa exige a volta de D. João
O Rei parte para Portugal com sua família
O Rei parte para Portugal com sua família
Beija
se despede de D. Carlota Joaquina, sua grande amiga
Pedro é
nomeado Príncipe Regente do Brasil
CAP. 168
PEDRO: Vá com Deus, meu pai. Esteja certo de que farei o
impossível para defender esta terra e o nome da nossa família.
Se abraçam forte. Pai e filho se separam com os olhos marejados
de lágrimas.
A esquadra parte enquanto grande multidão acena com os braços,
lenços e chapéus.
JANEIRO DE 1822
Pedro se torna frequentador assíduo da Chácara Cedro.
Normalmente quando está no recinto, Beija o escolhe para passar a noite com
ela, despertando a inveja dos presentes. Muitos deles vindos de várias regiões
do Rio de Janeiro, São Paulo e até das Minas Gerais, na expectativa de serem
presenteados com uma noite de amor com a famosa cortesã.
D. Leopoldina desconfia das aventuras extraconjugais do marido,
mas prefere fingir que nada sabe.
O Príncipe encontra em Beija um porto seguro, uma pessoa
centrada, articulada, entendida de diversos assuntos, e com uma habilidade
singular na arte da política. Com ela Pedro discute os problemas do Reino, toma
opiniões e compartilha os segredos dos bastidores da Corte.
Beija chega ao gabinete para falar com o Príncipe.
BEIJA: Soube que esteve no
sobrado à minha procura. Mas só cheguei da chácara agora há pouco.
PEDRO: Verdade. A situação
está se complicando a cada dia. Recebi um documento em que meu pai cancela o
meu título de Príncipe Regente do Brasil e exige a minha volta imediata a
Portugal. Há uma esquadra na porto, pronta para me repatriar.
BEIJA: Isso é grave.
Acredito que esteja chegando o momento em que terás de tomar uma decisão
definitiva.
PEDRO: Querem rebaixar o
Brasil à categoria de colônia, anulando a elevação a Reino Unido de Portugal e
Algarves. Isso em muito me aborrece. Não posso concordar com tais atitudes. Sei
que não é o desejo de meu pai. Se assinou tal documento, foi sob pressão. Ainda
há pouco recebi um papel com centenas de assinaturas, me pedindo para
permanecer no Brasil. Estou dividido entre obedecer meu pai e cumprir o meu
destino, fazer o que pede o meu coração.
BEIJA: Pedro, sei que é uma
decisão difícil, que só você pode tomar. Mas se está seguro de que seu pai só
assinou o tal documento sob pressão, certamente não se aborrecerá caso você o
desobedeça. Por outro lado, se tens o apoio popular, se o povo está a seu lado
a ponto de lhe pedir que não parta, não há o que temer. Fique!
PEDRO: Mas caso fique, que
represálias irei enfrentar?
BEIJA: Esta é uma pergunta
que não posso responder. Mas não acredito que seu pai autorize um ataque contra
o próprio filho. O caminho do Brasil é a independência. D. João é consciente
disso e certamente não se oporá, sabendo que esta nação está nas mãos da
família. Mas terá de estar preparado para o que der e vier.
Hora mais tarde, esgotado o ultimato dado pelo comandante da
esquadra que pretendia repatriá-lo, grande multidão se aglomera em frente ao
Paço Real. D. Pedro aparece na sacada principal e o povo o saúda efusivamente.
Muitos pedem inutilmente silêncio, até que a fala de Pedro silencia os ânimos.
PEDRO: Meus amigos,
agradeço de coração as manifestações de apoio. O destino me impõe o dever de
tomar uma decisão e não vou me furtar desta missão.
CHALAÇA: Diga logo, Pedro.
Esse povo não entende nada mesmo.
PEDRO: Como é para o bem de todos e felicidade geral da
nação, estou pronto, diga ao povo que fico! E a partir de hoje, nenhuma ordem das cortes
portuguesas será cumprida no Brasil sem a minha autorização!
A multidão aplaude eufórica.
Continua segunda-feira...
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