No capítulo anterior...
Beija
acorda com Veridiana gritando palavrões na porta de sua casa
Tem
início uma forte discussão. Os vizinhos se aglomeram para ver
Veridiana
acusa Beija de ter um caso e esperar um filho de seu marido
Beija
nega inutilmente e revela tudo que Motta já lhe fez no passado
Veridiana
ameaça agredir Beija
CAP. 158
SEVERINA (dando um passo
adiante): Se tocar na minha Sinhá, quem lhe enfia a mão na cara sou eu!
FLAVIANA (também dando um
passo): A senhora não se atreva a tanto! Ou vai se arrepender!
VERIDIANA: Pensam que vou ouvir
essa desavergonhada caluniar meu marido e acusá-lo de tantos absurdos calada?
BEIJA: Quanto ao que acabei
de lhe contar, pergunte ao Ouvidor. Se ele for um homem de caráter, haverá de
lhe contar a verdade. E agora, se a senhora me dá licença, vou entrar, porque
preciso repousar.
Beija vira as costas e sai. As escravas fecham o portão e
aguardam que os curiosos se dispersem. Veridiana se retira furiosa.
Na cozinha...
BEIJA: Moisés, vá até a
chácara e me traga um pouco de estrume de gado bem fresco.
SEVERINA: O que a Sinhá quer
com estrume?
BEIJA: Na hora certa vocês
saberão.
Na manhã seguinte, um jovem bate à porta da casa do Ouvidor. Uma
escrava o atende, mas a patroa vem logo atrás.
VERIDIANA: Que belas flores!
Para quem são?
ESCRAVA: São para a senhora,
dona Veridiana. Tem um cartão aqui.
Mais que depressa a curiosa Veridiana abre e lê: “com os
cumprimentos de Dona Beija”.
VERIDIANA (admirada):
Estranho... Onde a distratei dos pés à cabeça e hoje ela me manda uma linda
bandeja de rosas? Não sabia que era tão nobre assim... Deve estar querendo me
conquistar...
Quando vai retirar as rosas da bandeja, Veridiana tem uma
indesejável surpresa: suja todas as suas mãos com o estrume de gado que está
sob as flores. Ela tem um ataque de histeria.
VERIDIANA: Maldita meretriz!
Maldita! Mil vezes maldita! Frega dos infernos! Aquela rapariga me paga! É
agora que volto lá e quebro a sua cara!
Nisso o Ouvidor entra na sala e corta sua fala.
MOTTA: Você não vai a lugar
algum! Deixe Beija em paz! Eu lhe proíbo de se aproximar dela. E se me
desobedecer, vou lhe dar um corretivo que jamais se esquecerá!
Veridiana chora, desesperada com as mãos sujas de merda.
Mas Veridiana não se dá por vencida. Ela trata de difamar Beija
perante todos na Corte, espalhando sua fama de prostituta ordinária e
inescrupulosa.
Algumas semanas depois...
Beija sente as dores do parto. Uma parteira e um médico
acompanham o nascimento do bebê na Chácara Cedro. Assim que a criança nasce,
Beija não contém a emoção e chora. Toda suada e descabelada, ela afaga o bebê
em seu peito. Depois o ergue contemplativa e diz:
BEIJA: É um menino. Este é
o meu principezinho. Vai se chamar Pedro Antonio.
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