No capítulo anterior...
Beija
revela que Chalaça a chantageou quando soube de seu passado com Motta
Conta
também porque soltou os cachorros
Pedro
duvida e confirma com o Visconde de Perdizes
O
Príncipe se revolta e dá um soco na cara do amigo
Chalaça
diz que Beija que se dispôs a deitar com ele
Para
tanto deveria convencer Pedro a se casar com ela
CAP. 167
PEDRO: Não perca o seu
tempo tentando explicar o inexplicável. Pra sua infelicidade, Chalaça, sou a
pessoa que melhor te conhece no mundo. Sei muito bem de todas as suas
artimanhas. Só não acreditava que pudesse usar isso contra mim.
CHALAÇA: Pedro, entenda, meu
amigo. Só agora me dou conta do quão ordinário fui. Mas eu me perdi de amores
por aquela mulher. Ela me enfeitiçou, como fez com todos os homens dessa Corte.
Ou você não sabe que todos a desejam?
PEDRO: Sim, é claro que eu
sei. Mas você como meu amigo, tinha a obrigação de ser leal a mim. Se bem que,
como diz a própria Beija, por uma mulher os homens são capazes de tudo!
CHALAÇA: Perdoe-me Pedro.
Perdoe-me.
PEDRO: Para lhe provar que
sou verdadeiramente seu amigo, vou me esquecer disso. Já me dou por satisfeito
com a pancada que dei nessa sua cara sem vergonha. Mas que isso não se repita,
porque da próxima vez não terei tanta clemência.
ALGUNS MESES DEPOIS... EM 1821.
Com a morte de D. Maria, a Louca, D. João é elevado a “Rei de
Portugal”, recebendo o título de “Príncipe Real”. No Brasil a situação na
família real fica tensa.
No gabinete de D. João...
PEDRO: Alguma notícia de
Portugal, meu pai?
D. JOÃO: A situação é
bastante complicada, Pedrinho. Acho que não me resta alternativa senão retornar
a Portugal. Mas uma coisa é certa: se retornar a Portugal, tu ficarás aqui no
meu lugar.
PEDRO: Eu, meu pai?
D. JOÃO: E tenho outro filho
Pedro aqui? Tu não és um príncipe? Não és meu filho? Nada mais justo que
assumas o meu lugar. Eu resisti o quanto pude, mas o clero, a nobreza e os
mortos de fome da burguesia me querem em Lisboa de qualquer maneira. Ameaçam
promulgar a constituição do reino à revelia.
PEDRO: O senhor é quem
sabe. Faça o que achar conveniente. Estou a seu lado para cooperar no que for
preciso.
Alguns dias depois D. João decide retornar a Portugal, com toda
sua família e assessores mais próximos.
Pedro acompanha a partida com certa apreensão. Beija vai se
despedir da Rainha, sua grande amiga.
D. CARLOTA: É uma pena que não
queiras vir comigo. Poderias ter a Europa a teus pés, bela como tu és. Lugar de
gente bonita, civilizada, rica. Um clima agradável. Nada que lembre este quinto
dos infernos que é esse maldito lugar!
BEIJA: Sua companhia em
muito me apraz, Majestade, mas meu lugar é aqui. Amo esse lugar e sua gente.
Talvez um dia quisesse conhecer outros povos, mas minha vida é e sempre será
aqui.
Beija faz a reverência e beija a mão da Rainha. Pouco depois D.
Carlota entra no barco, olha fixamente para a amiga e bate seu sapato na
lateral da embarcação.
D. CARLOTA: Desta terra não
quero nem o pó!
Beija ri, com os olhos marejados.
D. João abraça forte o filho. Ambos se emocionam.
D. JOÃO: Agora é com você,
meu filho. Cuide muito bem desse lugar. Esta terra tem tudo quanto é tipo de
riqueza e um dia ainda ocupará lugar de destaque entre as grandes nações do
mundo. E quando isso acontecer, seu nome ficará para sempre registrado na
história.
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