No capítulo anterior...
Pedro
não resiste e procura Beija
Ele se
admira com sua gravidez de 8 meses
Pedro
diz que a ama e que sente sua falta
Beija
se faz de indiferente e ignora seus sentimentos
Pedro
desconfia que seja o pai da criança e insiste
Para
feri-lo Beija diz que o pai é o Ouvidor Motta
CAP. 155
PEDRO (irado) Então aquela
história de chantagem era apenas para me enganar, não era Beija? Você e aquele
canalha do Motta estavam me chifrando há muito tempo... Era ou não era?
BEIJA: Eu lhe contei toda a
verdade. Não omiti uma única vírgula. Não havia caso nenhum com Motta. Odeio
aquele homem e só me deitei com ele por medo de perder você. A gravidez foi um
infortúnio... Uma infelicidade.
PEDRO: E porque não tirou
esse filho?
BEIJA: Acha que sou uma
mulher capaz de uma desumanidade dessas? Essa criança não tem culpa nenhuma
pelos caminhos tortuosos de seus pais e tem todo direito de vir ao mundo. Estou
disposta a fazer o que for preciso para criá-la com toda a dignidade que
merece.
PEDRO: Você quem sabe.
(pausa) Acho que fiz mal vindo aqui. Deveria ter ficado quieto no meu canto.
Mas foi bom pra eu tirar essa história da minha cabeça de uma vez por todas.
BEIJA: Está certo, Pedro.
Você escolheu seu caminho. Agora siga-o. Não dá mais para voltar atrás.
PEDRO: Adeus, Beija!
O príncipe desce rapidamente as escadas, monta no cavalo e sai
em disparada pela estrada. Logo a escrava adentra a sala.
SEVERINA: A Sinhá não foi
muito dura com ele?
BEIJA: Bem menos do que o
que merecia... Não lhe disse que guardaria a história das orgias nas tavernas
para usar na hora certa? Quando veio me cobrar fidelidade, atirei-lhe tudo em rosto... Ele mudou de
assunto, mas no fundo entendeu muito bem...
SEVERINA: Mas, Sinhá, e se D.
Pedro a amar de verdade? A Sinhá não estaria perdendo uma chance de voltar a
ser feliz?
BEIJA: Se me ama de verdade
terá de provar isso, aceitando a mim e a um filho supostamente de outro. Sim,
porque não vou lhe contar que é o pai da criança. Já pensou, Severina, se ele
resolve tomar o meu bebê?
SEVERINA: Deus nos livre e
guarde, Sinhá. Melhor que continue pensando que o filho é do Dr. Motta...
BEIJA: Perco o pai, mas não
perco o filho, entende?
SEVERINA: Nhá sim.
Corta para o gabinete do Príncipe no Paço Real.
PEDRO: Você é mesmo um
canalha, Motta! Não lhe disse para ficar longe de Beija?
MOTTA: Quando ordenou isso
Beija e eu já estávamos tendo um caso há algum tempo. Além do mais, Alteza,
conheci Beija muito antes. Se alguém tem algum direito sobre ela, esse alguém
sou eu.
PEDRO: Canalha! (e dá um
soco forte no rosto de Motta) Se tem tanto direito assim sobre Beija, então
assuma o filho que ela está esperando!
Nisso Veridiana, a esposa de Motta, adentra a sala, ouvindo
apenas a última frase. E xereta que é, quer logo saber do que se trata.
VERIDIANA: Filho? Que filho,
Alteza?
PEDRO: O filho que Motta
terá com Dona Beija!
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