17 de mai. de 2012

Encontro do Século - CAP. 160



No capítulo anterior...
Nasce Pedro Antonio, o filho de Beija
Um ano se passa
Apaixonado, Pedro não resiste e procura Beija
Ela o recebe com indiferença
Pedro propõe que reatem o relacionamento
Beija avisa que vai abrir a chácara para receber amantes

CAP. 160

PEDRO: Beija, você enlouqueceu de vez? Em outras palavras, vai transformar esta chácara num bordel?
BEIJA: Exatamente. Porém um bordel refinado, para pessoas de bom poder aquisitivo e que estejam dispostas a gastar.
PEDRO: Não posso acreditar nisso que estou ouvindo...
BEIJA: Pois acredite. Em breves dias saberá da inauguração do estabelecimento.
PEDRO: Mas, Beija, você é conhecida na Corte, tem uma legião de admiradores. Se quiser pode se casar com qualquer um desses barões ou viscondes por aí. Muitos deles dariam suas fortunas por você. Não seria mais prático arrumar um casamento do que se meter nesta vida de aventuras de que está falando?
BEIJA: O casamento não foi feito pra mim, Pedro. Todas as vezes que tentei ser correta, ser uma mulher normal, como todas as outras, fui rechaçada. Parece que o destino conspira contra mim. Desisti de remar contra a maré. Se o destino me quer como uma cortesã, é isso que serei a partir de agora. Se o povo adora falar de mim, pelo menos agora terá motivos.

Sem palavras, o Príncipe anda de um lado para outro da sala.

PEDRO: Beija, não cometa esse desatino. Você tem um filho dentro de casa, uma criança que vai crescer e não pode crescer num ambiente desses.
BEIJA: Fique tranqüilo, Pedro. Se sua preocupação é esta, meu filho será criado longe de tudo isso. Minha casa na cidade será uma residência de respeito. Nenhum ato, ou nada que comprometa a educação do meu filho acontecerá ali. Para isso tenho a chácara, onde os clientes serão recebidos com toda liberdade. Com algumas regras, é claro.
PEDRO: E eu, como fico nessa história?
BEIJA: Você ficará quietinho no seu palácio cuidando da sua esposa e dos negócios do reino.
PEDRO: Beija, não faça isso. Morro de ciúmes de você...
BEIJA: Precisa superar. Nossas vidas seguiram caminhos diferentes. Quando vai compreender isso?
PEDRO: Não adianta falar, não é? Tem a cabeça dura feito a pedra do Pão de Açúcar. No fundo acho que faz isso só mesmo para se vingar de mim. Já lhe disse uma dezena de vezes que só me casei por imposição de meu pai. Não amo Leopoldina e acho muito difícil vir a amar algum dia... É a você que amo, Beija...
BEIJA: Me ama, mas se casou com a outra. Bela demonstração de amor essa, Pedro. Entenda uma coisa: você fez sua escolha e seguiu seu caminho. Agora me deixe seguir o meu em paz!
PEDRO: Eu desisto! Como é cabeça dura essa mulher! Desisto!

Semanas depois...

Uma luxuosa festa marca a inauguração da Chácara Cedro. Ali estão dezenas de títulos de nobreza. Homens da mais alta sociedade carioca, do governo, da música, das letras e da política, todos ávidos de curiosidade, na maior expectativa por qualquer detalhe. Criou-se um mistério tão grande que esta inauguração se tornou o evento do ano. Dentre os antigos conhecidos estão o Visconde de Perdizes e João Carneiro de Mendonça.

Beija desce as escadas com um lindo vestido azul turquesa, da mesma cor de seus olhos. Um “ooooohhhhhh” ecoa pelo salão. Cavalheiros pasmos de admiração.

BEIJA: Boa noite, cavalheiros. Como é do conhecimento de todos, foram chamados aqui para a inauguração da Chácara Cedro, casa esta que será um marco na história do Rio de Janeiro...

Continua amanhã...

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