No capítulo anterior...
Beija
revela tudo que o Ouvidor já lhe fez no passado
Veridiana
ameaça agredi-la, mas as escravas defendem a patroa
Beija
manda Veridiana confirmar o que disse com seu marido
No dia
seguinte Beija envia flores para Veridiana
Mas
embaixo das rosas há estrume de gado e ela fica furiosa
Motta
proíbe a mulher de procurar sua ex-amante
Nasce
Pedro Antonio, o filho de Beija
CAP. 159
Beija contempla o bebê por alguns instantes, enquanto as escravas,
parteira e o médico observam a tudo emocionados, até que alguém rompe o
instante de magia.
SEVERINA: A Sinhá vai mesmo
colocar o nome do sinhô Antonio Sampaio no bebê?
BEIJA: Sim, vou. É uma
homenagem a Antonio. O sonho dele era ter um filho homem.
SEVERINA: E D. Pedro, o que
vai dizer se ficar sabendo disso?
BEIJA: Pedro nem sabe da
existência de Antonio. Para ele é apenas um nome como outro qualquer. Além do
mais, esse filho é meu. Já que Pedro não vai assumi-lo, não poderá dar nenhum
palpite, nem mesmo em seu nome.
UM ANO DEPOIS...
Severina chega apressada aos fundos da casa, onde Beija brinca
com a criança no balanço pendurado numa frondosa mangueira.
SEVERINA: Sinhá, corre aqui.
D. Pedro está na sala e quer falar com a Sinhá.
BEIJA: Pedro? Mas o que ele pode querer aqui? (pensa alguns
instantes) Tome, segure Pedrinho para que eu vá até lá. Mas não o deixe ver o
menino, de jeito nenhum! Entendeu?
SEVERINA: Nhá sim.
Corta
para a sala.
BEIJA: Pedro? Fiquei admirada quando Severina disse que estava
à minha procura. O que quer aqui?
PEDRO: Eu precisava lhe ver. Não agüento mais viver longe de
você, Beija. Não estou suportando mais a sua ausência.
BEIJA: Pedro, meu caro, nos separamos há quase um ano e meio e
ainda não superou isso?
PEDRO: Infelizmente não. E acho que não vou superar nunca. Não
tem um dia que não pense em você, que não sinta a sua falta e que não deseje
estar a seu lado.
BEIJA: Mas você é um homem casado, tem sua esposa. Ela não lhe
serve, não lhe faz companhia? Não satisfaz seus desejos de homem?
PEDRO: Ela tenta, mas a verdade é que não me satisfaz. Não há
mulher tão boa na cama quanto você, Beija. Isso nenhum homem consegue esquecer.
Mas não é só isso, tem a companhia, o carinho, o afeto... Não posso ter isso
num casamento arranjado, contratado através de um documento...
BEIJA: Pedro, mas você há de concordar que não tenho nada a ver
com isso. A escolha foi sua.
PEDRO: Você sabe que não. Foi imposição de meu pai. Já lhe
disse isso uma dezena de vezes.
BEIJA: Eu sei, mas indiretamente a responsabilidade é sua. O
que estou querendo dizer é que não há nada que eu possa fazer para resolver o
seu problema.
PEDRO: Há sim, Beija, e você sabe muito bem o que é. Fique do
meu lado. Nós éramos tão felizes, nos entendíamos tão bem na cama... Porque não
podemos ficar juntos novamente? Eu sei que você me ama, por mais que se faça de
indiferente. Sei que isso é apenas para se vingar de mim, mas no fundo você
ainda me ama. Tenho certeza que foi muito feliz nos meus braços...
BEIJA: Sim, tudo isso é verdade. Mas sofri muito quando me
abandonou. Nosso romance nunca terá um final feliz como os outros. E você sabe
muito bem disso. Além do mais tenho outros planos.
PEDRO: Planos? Que planos?
BEIJA: Vou abrir a chácara ao público. Vou receber cavalheiros
dispostos a pagar caro por lazer de alto nível. Minha fama de prostituta não se
espalhou pela Corte? Pois bem, a partir de agora serei o que dizem que eu sou:
uma prostituta.
Continua
amanhã...
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