No capítulo anterior...
Chalaça
chega à chácara e é cercado por dois cães furiosos
É
atacado e ferido, mas um escravo aparece para salvá-lo
Pedro
se casa com D. Leopoldina numa rica cerimônia
Severina
conta, mas Beija se mostra indiferente a tudo
Seis
meses se passam
Pedro
não resiste e procura Beija
O
Príncipe fica admirado com sua barriga enorme
CAP. 154
Pedro sobe a escadaria e se aproxima.
BEIJA (indiferente): O que
Vossa Alteza deseja?
PEDRO: Quero falar com
você, Beija. Não vai me convidar a entrar?
BEIJA: Pois não, Alteza,
entre.
No interior da sala...
PEDRO: Porque tanta
formalidade comigo, se somos tão íntimos?
BEIJA: Éramos, Pedro. Não
somos mais. Você me deixou e seguiu seu caminho. Hoje é um homem casado.
PEDRO: Mas isso não tem a
menor importância. O que importa mesmo é o amor que sinto por você. Esses meses
foram uma eternidade longe de ti. Já não via a hora de lhe encontrar. Pensava
até que tivesse ido embora do Rio de Janeiro...
BEIJA: Me encontrar? Me
encontrar pra quê?
PEDRO: Foi por esse amor
imenso que sinto é que vim atrás de você. Porque não estou conseguindo viver
longe de seus braços, dos seus carinhos, do seu sexo...
BEIJA: Deveria ter pensado
nisso antes de me abandonar...
PEDRO: Já lhe expliquei um
milhão de vezes. Não tive alternativa...
BEIJA: E agora, o que quer
de mim?
PEDRO: Queria lhe ver,
tocar, sentir, beijar... Matar essa saudade que me consome, esse desejo que me
devora...
BEIJA: Suas palavras são
muito bonitas, românticas até... Mas a realidade é bem mais dura que isso.
Sofri o diabo quando me deixou. Tive que me reconstruir do zero, dos cacos... E
agora que começo a me aprumar, me aparece de novo... O que pode me oferecer
agora, Pedro? O posto de amante favorita?
Pedro ignora a pergunta, anda de um lado para outro da sala,
remoendo um outro pensamento...
PEDRO: Beija, essa sua
barriga... Você está com uma barriga enorme... Beija, me diga: esse filho que
espera, é meu?
BEIJA: Não. Não é seu.
PEDRO: Mas a julgar pelo
volume da sua barriga e a época em que nos afastamos... Tudo leva a crer que sim...
Esse filho pode ser meu...
BEIJA (firme): Não. Não é.
PEDRO: Então se o filho não
é meu, andava me traindo com alguém...
BEIJA: Faça-me o favor,
Pedro. Não me venha cobrar fidelidade, coisa que você nunca deu... Ou pensa que
não sabia das suas escapadas? Da suas noitadas de bebedeiras e orgias com as
negras e mulatas nas tavernas?
PEDRO: Me diga, Beija, de
quem é esse filho?
BEIJA: Está bem. Já que
deseja tanto saber, eu lhe digo: esse filho é do Ouvidor Motta.
Pedro fica pasmo.
Continua amanhã...
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