No capítulo anterior...
Chalaça
e Pedro chegam ao palácio. Dom João os surpreende
O Rei
adverte Chalaça para não cometer novos erros
No dia
seguinte é a vez de Carlota Joaquina aterrorizar o rapaz
Pedro
chega à casa de Beija para o jantar
CAP. 72
BEIJA (formal, em tom de
brincadeira): Vamos entrar, Majestade.
PEDRO: Estas flores são
para você (entrega-lhe o ramalhete).
BEIJA: Você é sempre gentil
assim, com todas as mulheres?
PEDRO: Dizem que sou um
cavalheiro. Também acredito que o seja. Mas certas atitudes guardo somente para
mulheres muito especiais... Como as flores, por exemplo.
BEIJA: Hum... Obrigada pela
distinção. (apontando a sala) Vamos nos sentar...
Já acomodados...
BEIJA: Deseja tomar algo?
PEDRO: Obrigado. (pausa)
Beija, fale-me sobre você, suas origens... Tenho a sensação de que já nos
conhecemos há tanto tempo e sequer sei de onde veio...
BEIJA: É verdade... Mas
isso nem chega a ser importante. Minha vida é tão simples, tão humilde, se
comparada à sua rica existência, cercada pelo glamour da Corte, da Europa...
PEDRO: Não é bem assim,
todos nós temos uma história, uma trajetória. Rica ou pobre todos têm uma.
Gostaria de conhecer a sua...
BEIJA: Nasci num pequeno
arraial, chamado Formiga, não muito distante de Vila Rica. Quando era apenas um
bebê, nos mudamos para São Domingos do Araxá, perto de Desemboque/
PEDRO (cortando): Sim,
desses lugares já ouvi falar... Ficam perto da Picada de Goiás...
BEIJA: Sim. (continuando)
Aos quatro anos perdi minha mãe. Fiquei com meu avô até os quinze anos, quando
também faleceu. Mudei-me para Paracatu do Príncipe. “Príncipe” este que não
posso afirmar se em Vossa homenagem ou de Vosso pai...
PEDRO: Nem eu saberia
dizer... Mas já ouvi falar das minas de Paracatu... Mas... prossiga.
BEIJA: Foi esta a minha
trajetória. De Paracatu segui para Araxá, Vila Rica e finalmente cheguei ao Rio
de Janeiro, de onde não pretendo sair nunca mais.
PEDRO: Interessante. Mas
uma coisa intrigou-me: você é tão jovem, e pelo que sei, chegou ao Rio sozinha.
Onde ficaram seus familiares?
BEIJA: Não tenho contato
com familiares. Os poucos que tinha ficaram em Formiga e nunca mais tive
contato.
PEDRO (insistindo): Mas se
ficaram em Formiga, estavas com quem em Paracatu?
BEIJA (incomodada): Pedro,
se não se importa, prefiro não entrar em detalhes. Esta é
uma parte da minha vida que prefiro esquecer. Quem sabe um dia lhe fale a
respeito. Pode ser?
PEDRO: Está bem, minha
flor, não quero parecer inconveniente.
BEIJA (ao ver o gesto de
Severina): Vamos? O jantar está servido.
Quando caminham para sala ao lado...
Pedro surpreende a anfitriã, puxa seu braço, com delicadeza,
trazendo-a para junto de si. Antes que diga algo, a beija com ímpeto e paixão.
Continua segunda-feira...
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