16 de nov. de 2011

Encontro do Século - CAP. 3


No capítulo anterior...
- Beija acredita que Motta a levará para a Corte
- Padre Melo Franco tenta convencê-la a voltar para Araxá
- Beija ordena ao padre que venda suas propriedades

CAP. 3

O Ouvidor promove um grande jantar de despedida no palacete. Beija se apronta no quarto.

SEVERINA: A sinhá está linda como nunca, parece uma daquelas damas das porcelanas francesas...
BEIJA: Quero estar linda mesmo, Severina, porque nesse jantar certamente o Motta comunicará a nossa ida para o Rio de Janeiro.
SEVERINA: Fico alegre pela Sinhá, mas triste porque não poderei ir junto...
BEIJA (interrompendo a colocação da tiara de diamantes): Como assim, Severina? É claro que você irá também! Eu jamais partiria para qualquer lugar que fosse sem levar minha fiel escrava... Aliás, você é muito mais amiga que escrava... Você é como se fosse os meus olhos, afinal sou analfabeta e é você que lê tudo para mim...

Severina se emociona, Beija a abraça.

SEVERINA: Só de pensar que a Sinhá poderia partir, me dá um aperto no coração.
BEIJA: Fique tranquila, sua boba. Não irei a lugar nenhum sem você. E agora me ajude a terminar porque os convidados já devem estar chegando.

No escritório, a portas fechadas...

MOTTA: E então, padre Melo Franco, como foi a conversa com Beija?
PADRE: Ela está deslumbrada com a possibilidade de conhecer a Corte. Fala muito em conhecer o mar, nos bailes da Corte, enfim, está mais sonhadora que alerta para a dura realidade que poderá enfrentar lá.
MOTTA: Eu sei, também tive várias conversas com ela e tive a mesma impressão.
PADRE: Não é porque o Senhor Ouvidor me pediu, mas é porque realmente acredito que o melhor para Beija seja voltar para Araxá...
MOTTA: Também estou certo disso, mas ela insiste no contrário.
PADRE: Com a fama de “Moça do Ouvidor” se tornou uma mulher respeitada e depois, todos creditam a ela a reintegração do Triângulo Mineiro à capitania de Minas Gerais. É uma mulher poderosa, influente... Não terá problemas para se fazer respeitar em Araxá...
MOTTA: Verdade. Embora não tenha sido por atitude direta dela, mas foi por causa de Beija. Eu fui acusado pela morte de seu avô e se fosse julgado pelo governador de Goiás, certamente seria condenado, porque aquele homem me detesta. Por isso intercedi a D. João VI para que passasse o Triângulo para Minas, porque o governador é meu amigo de infância e nunca me condenaria a nada, como de fato aconteceu. Sequer fui acusado... (risos sarcásticos)
PADRE: Eu fiz o que pude, Dr. Motta, mas Beija não é fácil... Tem opinião própria e quando quer, sabe ser tinhosa.
MOTTA (em tom de ameaça): Sei da influência que o senhor exerce junto a ela. Sei inclusive de suas visitas ao palacete nas altas madrugadas durante as minhas viagens... Por isso, continue tentando...
PADRE (apurado): Oras, Sr. Ouvidor, isso é coisa do passado... Não vem ao caso agora...
MOTTA (fitando-o nos olhos): O Padre entendeu muito bem... (tom) Melhor nos apressarmos, porque pelo barulho, imagino que o salão esteja cheio...

Beija surge no alto da escada, com um belo vestido verde, uma tiara de diamantes no cabelo, tão belos quantos seus lindos olhos azuis. Um “oooohhhh” ecoa pelo ambiente.

Continua amanhã...

Nenhum comentário:

Postar um comentário