No capítulo anterior...
Antes
que Motta arrebente a porta, Beija abre
Motta
propõe marcar um novo jantar para os amigos
Ele
explica mais uma vez os motivos de não levá-la consigo
Doa à
amante todo o mobiliário e os escravos do palacete
Pede
que ela volte a dormir com ele
CAP. 11
Beija caminha pelo quarto, pensa por alguns instantes.
BEIJA (voltando-se para
ele): Está bem, Motta. Voltarei a fazer o papel de esposa nesses últimos dias.
Afinal de contas, não há nenhum sacrifício nisso.
MOTTA: Ótimo. Fico satisfeito
com a sua decisão. Será bem melhor para nós dois que o clima nesta casa seja de
paz e tranqüilidade.
Mota segura e beija suas mãos. Em seguida se retira. Beija se
dirige à janela e fica observando a praça de frente ao palacete, com o olhar
distante.
Horas mais tarde, na sacristia da Paróquia...
BEIJA: Alguma novidade nos
negócios, Padre?
PADRE: Sim, minha filha. Já
negociei suas terras e também as minas de diamante. Ainda nesta semana o
comprador irá lhe procurar no palacete para pagar e assinar as escrituras.
BEIJA: Melhor assim. Não
quero negócios pendentes. Aqui nessa terra só tive desgosto. Não pretendo
voltar nunca mais.
PADRE: Não diga isso,
Beija. Aqui você aprendeu muitas coisas, cresceu como pessoa, fez muitos
amigos...
BEIJA: Perdão, Padre. O senhor
tem razão: fiz muitos amigos verdadeiros aqui. E o senhor é o principal deles.
Perdoe-me.
Padre Melo Franco sorri, pois sabe que Beija fala da boca para
fora...
Nos dias seguintes tudo transcorre na mais perfeita harmonia.
Beija se comporta como uma esposa dedicada e se esmera para agradar Motta. O
novo jantar é um sucesso e o casal tem muitas noites ardentes de sexo. Nesta
arte a jovem é maestrina. Sabe como ninguém levar um homem ao delírio. Enfim,
chega o dia da partida.
Do lado de fora do palacete, cinco mulas estão perfiladas, com
suas bruacas carregadas com a bagagem pessoal do Ouvidor. Beija e as escravas
ficam na porta principal, aguardando a partida da comitiva.
MOTTA (se aproximando):
Beija, é chegada a hora do adeus. Mais uma vez quero lhe pedir desculpas por
todo mal que lhe causei. Sei que não há perdão pelo que fiz, mas quero que
saiba que fiz por amor, por paixão. Desde o primeiro momento em que meus olhos
pousaram sobre você, perdi totalmente a razão. (sem graça) Já lhe disse isso
tantas vezes...
BEIJA (segurando suas
mãos): Dizem que cada um nasce com um destino. E se o meu era ser a “Moça do
Ouvidor”, me conformo com ele, está cumprido. Vá em paz, Motta. Seja
muito feliz.
Motta beija sua testa carinhosamente, monta no cavalo e a
comitiva parte. Beija e as escravas ficam olhando até que somem no horizonte.
BEIJA (fitando a escrava):
E agora, Severina, o que será de mim sem a proteção do Ouvidor?
Continua amanhã...
Nenhum comentário:
Postar um comentário