No capítulo anterior...
Beija
aceita as condições do Ouvidor e se torna “esposa” dedicada
O casal
vive dias de harmonia e o jantar de despedida é um sucesso
Padre
Melo Franco comunica que já vendeu as terras de Beija
O
Ouvidor parte com sua comitiva
Beija
teme por seu futuro sem a proteção do Ouvidor
CAP. 12
Severina abraça a patroa e a consola.
SEVERINA: A Sinhá não tem o
que temer. Hoje é uma mulher rica e todo mundo respeita o dinheiro, a posição
social.
BEIJA: Tomara que você
esteja certa, Severina, tomara. Motta também me disse a mesma coisa, mas tem
horas que fico tão insegura...
SEVERINA: Eu estarei sempre do
seu lado, Sinhá e não deixarei que ninguém lhe faça mal... E agora vamos, que
precisamos arrumar nossa mudança também...
UMA SEMANA DEPOIS...
A mudança está toda acomodada nos carros de boi. Apenas alguns
objetos de uso necessário ainda estão dispersos. Uma pequena fila de pessoas
necessitadas se forma na porta do palacete. Beija e Severina comandam a
distribuição das trouxas de roupa, de gêneros alimentícios e também de alguns
objetos do palacete.
CLARA: Eu não tenho palavras
para agradecer a Dona Beija. Nunca tive em toda a minha vida roupas tão belas
quanto estas... Dona Beija é uma santa...
BEIJA: Não diga bobagens,
dona Clara... O que Deus nos deu é para distribuir com os irmãos...
SEU JOSÉ: Não sei o que seria
da minha família se não fosse Dona Beija...
BEIJA: Agradeça a Deus, seu
José, sou apenas um instrumento nas mãos dele...
Beija é extremamente caridosa e não abre mão de ajudar aos
necessitados. Por isso toda esta comoção na despedida. Mas antes de partir, ainda
faz questão de ir às escadarias da matriz, se despedir dos cegos, coxos e
aleijados da Paróquia.
BEIJA (aproximando-se de
um aleijado): Eu não poderia partir sem antes me despedir dos meus grandes
amigos.
TIÃO: Quanta honra, Dona
Beija, quanta honra...
BEIJA: Honra deve ser dada
a Deus e à Sant’Anna, Tião. Reze muito para eles...
Mais adiante...
SEVERINA: A Sinhá não vai se
despedir do Cego Jó?
BEIJA (olhando à volta):
Ele não está por aqui... Onde se meteu?
SEVERINA (olhando ao longe):
Lá está ele, Sinhá, lá na frente, embaixo da gameleira.
BEIJA: Vamos até lá...
Ao se aproximar, se surpreendem com a atitude do velho homem.
JÓ (com voz embargada):
Eu num quiria vê a partida de Dona Beija... Nossa vida nunca mais será a mesma
sem a Sinhá... E agora, quem vai dá esmola?
BEIJA (sem conseguir
conter as lágrimas): Jô, lhe agradeço muito pela consideração. Que Deus o
abençoe e envie outras almas bondosas para cuidar de vocês.
Beija deixa uma pequena fortuna com Padre Melo Franco e ordena
que distribua entre os deficientes da paróquia, dividindo tudo em pequenas
parcelas semanais.
Na madrugada seguinte a comitiva parte. Depois de cinco dias de
viagem o comboio chega a uma encruzilhada.
MOISÉS: Sinhá, seguindo em
frente vamo para São Domingo dos Arachá. Pegando a estrada da esquerda vamo
para o Rio de Janeiro. Pra onde a Sinhá qué ir?
Beija fita Severina, sem responder...
Continua segunda-feira...
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