16 de mar. de 2012

Encontro do Século - CAP. 107



No capítulo anterior...
Pedro diz a Chalaça que está feliz com Beija
E que não pretende se casar com nenhuma nobre européia
Perdizes revela a Motta que conhece Beija
O Ouvidor fica surpreso, mas compreende o amigo
Perdizes pergunta se Motta pretende procurar Beija

CAP 107

MOTTA: Sim, pretendo procurar Beija e obrigá-la a voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído.
PERDIZES: Mas acredita que ela o obedecerá, assim, pacificamente?
MOTTA: Não se preocupe, tenho os meus trunfos.
PERDIZES: Isso é mesmo necessário, mandá-la embora de vez? Porque se sente tão ameaçado por sua presença?
MOTTA: Com Beija vivendo no Rio de Janeiro, uma hora ou outra o passado virá à tona, a história do nosso caso chegará aos ouvidos de Veridiana, dos meus filhos... Será um escândalo imenso. A minha família se partirá em pedaços... Sou um homem público e preciso dessa aparência para ser respeitado.
PERDIZES (desconfiado): É só isso mesmo, Motta, ou tem mais algum motivo?
MOTTA: Por horas o motivo é só esse: preservar minha família e a mim mesmo.

Perdizes não se dá por convencido. Acredita que existe algum outro motivo que Motta não quis revelar.

Nos jardins do sobrado, Severina colhe flores para enfeitar a casa enquanto Beija sugere quais deverão ser colhidas.

SEVERINA: Sinhô João passou aqui ontem...
BEIJA: Queria algo em especial ou apenas uma visita de cortesia?
SEVERINA: Disse que recebeu uma carta de D. Josefa e que gostaria de ler para a Sinhá.
BEIJA: Verdade? Que notícia boa!
SEVERINA: Pareceu muito empolgado com a notícia, mas não quis comentar o que dizia a carta. Disse que passa outra hora.
BEIJA (nostálgica): Sabe, às vezes sinto falta daquela gente de Araxá... D. Josefa, Fortunato, Padre Aranha, Belegarde... Os amigos de verdade. Embora aquele lugar tenha se transformado num covil de leões, ainda existe lá muita gente boa, pura, sincera, amiga de coração, gente com quem se pode contar.
SEVERINA: Também gostava de Araxá. É um lugar agradável de se viver. Mas a Sinhá deve se lembrar que agora vivemos no Rio de Janeiro e nossa realidade é outra...
BEIJA (falsamente indignada): Está bem, Severina. Obrigado por me despertar do meu momento nostalgia. Nem a isso tenho mais direito. Um instante em que sonho e relembro meus queridos amigos, você me puxa pelo pé e me atira na realidade de volta. Obrigado.
SEVERINA: Desculpe Sinhá, não era essa a minha intenção...

Beija fixa o olhar no horizonte, com o pensamento distante.

BEIJA (para si mesma): João terá uma grande surpresa quando voltar aqui...

Continua amanhã...

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