No capítulo anterior...
Pedro chega
à casa de Beija e se depara com Motta
Ela diz
que o Ouvidor foi levar um recado da esposa
Há um
mal estar geral entre os três
Pedro
se retira e ordena que Motta o procure no Paço Real
O
Príncipe quer saber o motivo da visita a Beija
CAP. 143
PEDRO: Não pense que engoli
aquela história do convite de Veridiana...
MOTTA: Mas é a mais pura
verdade. Se Vossa Alteza quiser posso trazer minha esposa aqui para lhe
confirmar toda a história.
PEDRO: Não será necessário.
Desta vez vou lhe dar um voto de confiança.
MOTTA: Muito agradecido,
Alteza.
PEDRO: O que me pareceu bem
claro é que o Ouvidor está rondando a casa de Beija com segundas intenções,
como tantos outros da Corte têm feito nos últimos meses. Mas deixo claro uma
coisa: não quero saber do senhor Ouvidor rondando aquela casa. Eu lhe conheço
muito bem, Motta, e sei que não perdoa um rabo de saia. Mas ali não... Beija
tem dono...
MOTTA: Está bem, Alteza, já
entendi o recado. Com sua licença.
No corredor, inconformado, Motta resmunga:
MOTTA: Tem dono! Cretino! O
primeiro dono fui eu, idiota!
De volta à Rua do Ouvidor...
BEIJA: Essa foi por pouco!
Se não tivesse guardado o bendito presente...
SEVERINA: A Sinhá tem de tomar
muito cuidado...
BEIJA: Eu sei, Severina,
mas o infeliz do Motta não tinha nada de aparecer. Avisei que não me procurasse
aqui, que aguardasse meu chamado...
SEVERINA: Dr. Motta é
perdidamente apaixonado pela Sinhá. Não mede esforços para reconquistá-la, isso
está na cara dele...
BEIJA: Pro diabo o Motta
com o seu amor! Será que pensa que pode ter algum sentimento meu depois de tudo
que me fez?
SEVERINA: A Sinhá acha que D.
Pedro ficou desconfiado de alguma coisa?
BEIJA: Acho? Tenho é
certeza! Só pelo jeito dele, percebi que não gostou nem um pouco. Só não fez
grosseria porque Motta é amigo de D. João há muitos anos... Motta pegou Pedro
no colo, é como se fosse um tio...
SEVERINA: Será que foi por
causa desse assunto que mandou Dr. Motta procurá-lo no Paço?
BEIJA: Posso apostar que
sim...
SEVERINA: E acho bom a Sinhá
pensar numa boa desculpa, porque quando reencontrar D. Pedro, ele vai estar uma
arara de bravo com a Sinhá...
BEIJA: Amanhã estarei de
volta ao Paço e lá Pedro tem de ser mais contido. Certamente não vai se
exceder. Só preciso torcer para que não resolva passar aqui no final da tarde
ou começo da noite...
SEVERINA: Na calada da noite a
Sinhá ainda tem de receber o senhor Chalaça...
BEIJA: Nem me lembre disso!
Como se já não tivesse problemas o suficiente, ainda me aparece mais esse
lambe-botas!
Passa da onze da noite. A cidade dorme em silêncio. Chalaça
chega em frente ao portão, ansioso, esfrega as mãos e cheio de más intenções.
CHALAÇA: É hoje que vou me
dar bem. Finalmente consegui! Beija será minha...
Continua amanhã...
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