No capítulo anterior...
Beija
pergunta a Josefa por Antonio Sampaio, seu ex-noivo
Antonio
se casou com Aninha Felizardo e vai ser pai em breve
Josefa
conta que Antonio sofreu muito com sua partida
Beija
questiona a falta de atitude do ex-noivo
As
mulheres saem para conhecer a casa
Pedro
chega e surpreende João na sala. Clima tenso
CAP. 129
JOÃO: Bom dia, Alteza!
PEDRO (seco); Bom dia,
João Carneiro. Onde está D. Beija?
JOÃO: Beija está lá
dentro. Está mostrando a casa para a senhora minha mãe.
PEDRO (respira aliviado):
Ah... Sua mãe está aqui?
JOÃO: Sim, ela veio das
Minas Gerais para passar uns dias comigo. E fez questão de visitar Beija porque
são amigas de longa data.
SEVERINA (intervindo): Um
instante, Alteza, que já vou chamar D. Beija.
PEDRO: Não precisa,
Severina. Aguardo aqui. Não quero interromper a atividade delas. Vim aqui
somente porque estava passando por perto...
SEVERINA: Vossa Alteza aceita
um café, um leite?
PEDRO: Sim, eu me ajeito
aqui, enquanto converso com meu amigo João.
No íntimo ambos se sentem aliviados. Um suspiro fundo marca o
início da conversa cujo tema, entre o herdeiro de um trono e um advogado, só
pode começar pela política.
Pouco depois as mulheres retornam à sala.
BEIJA: Desculpe, Pedro, não
ter vindo antes, mas Severina me disse que você não tinha pressa.
PEDRO: Verdade. Disse que
lhes deixassem à vontade.
BEIJA: Quero lhe apresentar
D. Josefa Carneiro de Mendonça, a grande defensora da abolição da escravidão no
Arraial de São Domingos dos Araxás.
JOSEFA: Beija, assim pode
colocar meu pescoço à prêmio. Falar num assunto desses é um risco. (e para
Pedro) Alteza! Muito prazer. (e faz a reverência)
PEDRO: Encantado, D.
Josefa. Sonhar é preciso. Quem sabe um dia possamos ter uma nação onde todos
possam ser livres? Negros, brancos, índios... Nenhum sonho é impossível... Sou
um grande defensor da liberdade. Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o
dos negros. Não existe diferença entre as raças. Precisamos substituir a mão de
obra escrava por imigrantes europeus. Lá há muita gente querendo trabalhar.
JOSEFA: Verdade Alteza.
Sonho que sonhamos sozinhos talvez nunca se torne realidade, mas sonhos
sonhados juntos têm grandes possibilidades de se concretizarem.
PEDRO: Gostei muito da
senhora, D. Josefa, é uma mulher de idéias, de ideais... Admiro muito isso.
BEIJA: Isso aqui virou uma
reunião de abolicionistas. Pedro, eu, D. Josefa, João... Agora temos assunto
para horas de conversa... (risos)
Corta para a Quinta da Boa Vista. Chalaça adentra o escritório
de D. João com um invólucro em mãos.
CHALAÇA: Com sua licença,
Majestade. Trago uma carta de seu mensageiro enviado à Europa.
D. JOÃO: Só espero que não
seja mais dor de cabeça... Leia pra mim...
CHALAÇA: Eu, Majestade?
D. JOÃO: Há mais alguém neste
recinto?
Chalaça inicia a longa leitura, até que em determinado ponto D.
João interrompe, eufórico.
D. JOÃO: Então aquele inútil
encontrou uma noiva para meu filho Pedrinho?
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