No capítulo anterior...
Beija
diz a Severina que vai dar um fim no Ouvidor Motta
A
escrava aconselha a patroa a refletir sobre as conseqüências
Beija
revela a Josefa que está sendo chantageada
Josefa
diz que terá de revelar seu passado ao Príncipe
Pedro
chega e as surpreende falando seu nome
CAP. 137
PEDRO (em tom de
brincadeira): Vamos, Beija, me diga, o que falavam de mim? Bem ou mal? Estou
curioso...
BEIJA (meio embaraçada):
Falávamos bem, é claro. Josefa e eu discutíamos as questões do relacionamento,
da impaciência dos homens com as esposas quando elas demoram para se arrumar,
do mau humor que temos naqueles dias, essas coisas... E eu dizia a Josefa que
quanto a você não tenho o que reclamar, que é muito compreensivo comigo.
PEDRO: Puxa, que bom. Fico
satisfeito pela parte que me toca. (e para Josefa) Como vai a senhora?
JOSEFA: Vou bem, obrigada.
PEDRO: Beija, precisamos
conversar sobre aquele assunto, aquela resposta que ficou de dar à senhora
minha mãe. Todo dia me cobra uma resposta e já nem sei mais o que dizer. Pensei
que com o tempo se esquecesse do assunto, mas estava enganado.
BEIJA: Pois é, tenho
pensado bastante nisso ultimamente. Ser “dama de companhia” não é uma coisa que
eu queira para minha vida inteira. Tenho minha casa, agora a chácara, e não
gostaria de me sentir totalmente presa como deve ser a vida de uma “dama de
companhia”.
PEDRO: Quer dizer que sua
resposta é “não”? Posso comunicar isso a ela?
BEIJA: Não, não é bem isso.
Não terminei o raciocínio...
PEDRO: Também acho essa
função totalmente descabida para você. A única coisa que vejo de positivo é o
fato de podermos estarmos juntos a maior parte do tempo.
BEIJA: Mas isso também
teria desvantagens: ficaríamos mais tempo expostos à observação de todos...
Pedro fica pensativo. Severina adentra a sala com uma bandeja e
um café fresquinho, cujo aroma inunda o ambiente.
BEIJA: Minha proposta é a
seguinte: eu ficaria como “dama de companhia” da rainha por dois ou três meses,
até que ela encontrasse alguma mulher mais adequada para a função. Com isso
retribuiria toda a distinção que D. Carlota tem demonstrado por mim, e não me
comprometeria por muito tempo. O que acha Josefa?
JOSEFA: Bem pensado Beija.
Você é mesmo uma boa estrategista. Sabe agradar a gregos e troianos.
PEDRO: Acha que conseguiria
viver no palácio por alguns meses?
BEIJA: Claro, por que não?
Sou muito sociável. Já me adaptei a situações tão mais adversas do que esta...
PEDRO: Particularmente fico
muito feliz com a sua decisão, principalmente pelo fato de poder passar mais
tempo ao seu lado e vê-la todos os dias, várias vezes ao dia...
Corta para a Quinta da Boa Vista.
O Visconde e o Ouvidor conversam no corredor.
PERDIZES: Então quer dizer que
se encontrou com Beija... E o que ficou resolvido nesse encontro?
MOTTA: Beija está aqui ó
(bate na mão). De agora em diante ela vai comer aqui, na palma da minha mão. Eu
não te disse que tinha um trunfo contra ela?
Nesse exato instante Chalaça, que vem pelo corredor na
perpendicular, ouve, fala e repete o gesto, muito intrigado:
CHALAÇA:
Beija vai comer aqui, ó, na palma da minha mão...
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