No capítulo anterior...
Motta
bate à porta de surpresa e quer falar com Beija
Ela o
recebe com frieza e pede para que seja breve
O
Ouvidor diz que não consegue esquecê-la
Beija o
aconselha a se dedicar à família e deixá-la em paz
Motta
propõe que Beija volte a ser sua amante
CAP. 134
BEIJA: Será que ouvi bem? É
isso mesmo que disse? Quer que eu volte a ser sua amante?
MOTTA: Está ouvindo muito
bem, Beija. Não há nada de errado com os seus ouvidos.
BEIJA: Era só essa que me
faltava! Você enlouqueceu de vez!
MOTTA: Enlouqueci sim,
Beija, de amor por ti! Não sei por que ao seu lado sou capaz de cometer os
maiores desatinos. Realmente não sei.
BEIJA: Bote uma coisa na
sua cabeça: os tempos de Paracatu ficaram no passado. Nada será como antes.
Nunca voltarei a ser sua amante! Jamais!
MOTTA: Nunca diga jamais.
Isso é muito tempo e a vida dá tantas voltas...
BEIJA: Pois lhe afirmo com
toda a convicção: jamais voltarei a ser sua!
Enquanto isso, na mesa do jantar da Quinta da Boa Vista...
D. JOÃO: Pedrinho, meu filho,
estou convencido de que o casamento é o melhor pra ti.
PEDRO: Meu pai, ainda sou
muito jovem, tenho muita coisa para viver ainda antes de me aprisionar a um
casamento...
D. JOÃO: Tu precisa tomar
responsabilidade. Um futuro rei não pode viver no desfrute como tem vivido
ultimamente. Pensa que não sei de suas andanças, noitadas e bebedeiras pelas
tavernas do centro da cidade?
PEDRO: Não é bem assim, meu
pai, ultimamente ando até comportado...
D. JOÃO: Anda mesmo, quando
está enfiado na casa daquela rapariga que trouxeste no baile outro dia...
PEDRO: Como sabe disso?
D. JOÃO: E algo fica
escondido nesta Quinta? Aqui as notícias voam, Pedrinho...
PEDRO: Bom, então, já que o
senhor meu pai já sabe, posso lhe confessar uma coisa: estou apaixonado por
Beija sim. É a mulher mais incrível que conheci na minha vida.
D. JOÃO: É uma rapariga muito
bonita, isso posso afirmar, com certeza.
PEDRO: Mas não é só isso.
Beija é inteligente, sensível, independente, madura. Diferente de todas as
outras que tive.
D. JOÃO: Pode ter todas estas
características, mas vai servir apenas para sua diversão. Tu sabes muito bem
que não podes te casar com uma mulher comum. Tem que te casares com uma nobre,
de sangue azul como tu.
PEDRO: Meu pai, essa
história de novo?
D. JOÃO: Pedrinho, isto não é
uma brincadeira. É um assunto da maior importância. Não permitirei que te cases
com uma plebéia! E não voltarei atrás em minha decisão. Seja qual for a decisão
que tomes, leve isso em
consideração. Não ouses me desobedecer ou irás se arrepender!
PEDRO (nervoso): Com
licença, meu pai, perdi o apetite! (e sai)
De volta à Rua do Ouvidor, onde a discussão continua
acalorada...
BEIJA: Motta, pois se veio
aqui me propor para ser sua amante, peço que se retire. Não perca seu precioso
tempo. Minha resposta é não! Mil vezes não!
MOTTA: Acho melhor pensar
com carinho na minha proposta, Beija, ou vai querer que eu conte a menino Pedro
que se deitava com todos os homens de Paracatu? Isso tem um nome bem peculiar:
prostituição. Acredita que o príncipe continuaria contigo mesmo sabendo que é
uma prostituta?
Beija fica estática.
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