No capítulo anterior...
Chalaça
chega e está ansioso para se deitar com Beija
Ela o
recebe fria, porém gentil
Muito
ansioso, Chalaça falha na hora H
Beija
se diverte contando para a escrava o acontecido
O
Príncipe procura por Chalaça, que está deitado de ressaca
Pedro
pergunta a Beija o quê o Ouvidor fazia em sua casa
CAP. 145
BEIJA: Pedro, de novo esse
assunto? Foi exatamente aquilo que ouviu: Motta foi me levar um convite de D.
Veridiana, só isso...
PEDRO (irritado): Só isso?
Por acaso tenho cara de idiota, Beija? Você se ausenta do palácio por dois dias
e exatamente nesses dois dias Motta resolve procurá-la na sua casa? Faça-me o
favor! Não seria mais correto procurá-la aqui no palácio, já que agora vive
aqui?
BEIJA: Não sei explicar
porque resolveu aparecer lá, mas posso garantir, não tenho nada com o Dr.
Motta. O assunto era mesmo o convite da esposa, que aliás nem vou aceitar,
porque não me simpatizo com aquela senhora. Há algo nela que não me agrada...
PEDRO: Há sim, Beija,
ciúmes do marido. Todo mundo sabe que Veridiana é um poço de ciúmes e todo
mundo percebe os olhares gulosos que lança sobre você...
BEIJA: Pedro, você fala de
um jeito... Parece que sou culpada por ser desejada...
PEDRO: Estou farto disso!
Não suporto esse bando de homens lhe cortejando, andando atrás de você como
cachorrinhos, beijando seus pés e prontos a lhe estender o tapete...
BEIJA: Você está com
ciúmes... Isso é bom, significa que me ama de verdade...
PEDRO: Mas não estou
achando graça nenhuma nisso. Minha vontade é voar na goela desses marmanjos e
lhes ensinar bons modos!
BEIJA: Calma, meu amor. O
importante é que sou só sua. Deixe que os outros olhem, suspirem, desejem...
Mas no fundo você é meu único dono...
PEDRO: Já falei na cara do
Motta que não o quero rondando a sua casa. E você faça-me o favor de não ficar
dando corda. Não dê liberdade, não aceite convites, nada! Mantenha-se distante
daquele sujeito. Conheço muito bem o Ouvidor. Com aquele lá não se pode
facilitar.
BEIJA: Você fez mesmo isso?
Obrigado por me defender, meu amor, obrigado.
Depois do almoço, nas baias...
PEDRO: Por onde andou,
Chalaça? O guarda me disse que chegou com o dia clareando...
CHALAÇA: Verdade. Foi uma
noite longa...
PEDRO: Mas me diga, o quê
aconteceu de tão bom assim, que o fez perder a noção do tempo?
CHALAÇA: Uma nova mulata que
chegou à taverna. Meu amigo, se lhe contar você não vai acreditar... Aquilo não
é mulher, é uma máquina de prazer...
PEDRO: Posso imaginar...
Dia desses vou aparecer por lá para conhecê-la...
CHALAÇA: Mas você me parece
meio sério, sisudo... Aconteceu alguma coisa?
PEDRO: Sim. Beija e eu
acabamos de ter uma discussão. Estive em sua casa ontem e com quem me deparo
lá, fazendo uma visitinha de cortesia? Motta, o Ouvidor Motta. Justo nos dois dias
em que Beija
se afastou do palácio?
CHALAÇA: Ora, Pedro, está
cismado à toa... Motta é um homem íntegro, correto, merecedor da confiança de
seu pai há anos... Não creio que seria capaz de uma atitude dessas...
PEDRO: Mas você bem sabe
que quando o assunto é mulher, sua fama também vem de longa data... Prefiro não
correr riscos e já o adverti logo para que fique longe de Beija!
CHALAÇA: Desnecessário, meu
caro Pedro. O Ouvidor não teria a audácia de cortejar justamente a “Favorita do
Regente”...
PEDRO: Mas, afinal, porque
defende tanto o Ouvidor Motta?
Continua amanhã...