No capítulo anterior...
Leopoldina
revela a Pedro que está grávida
A
notícia é um alento para o combalido relacionamento do casal
Beija
conta a Severina que está grávida de Antonio Sampaio
Domitília
briga com Pedro por causa de Beija
Pedro
defende a amante é expulso no meio da madrugada
CAP. 195
PEDRO: Já que é assim, já
que não me quer a seu lado na cama, vou passar a noite com Beija. Pelo menos
sei que me receberá com educação. Passar bem, dona Domitília! (sai irritado
apanhando e vestindo suas peças de roupas)
OITO MESES DEPOIS...
O filho de Domitília passa da hora de fazer o parto e nasce
morto. O casal fica arrasado. A tristeza de Pedro só não é maior porque dias
depois Leopoldina dá à luz Paula Mariana, a quinta filha do casal.
Beija também tem uma menina e a batiza com o nome de Tereza
Tomázia de Jesus.
Pai e filha conversam na sala do sobrado.
DOMITÍLIA: Preciso dar um filho
homem a Pedro. É o único jeito de ter alguma garantia, meu pai.
TC JOÃO: Acho temerosa essa
sua idéia, filha. D. Pedro não é homem de se prender por causa de filho. Além
do mais tem uma esposa. Pelo visto não gosta dela, mas isso não a tira de seu
caminho.
DOMITÍLIA: Pedro me ama, papai,
na primeira oportunidade ele se livrará da insossa da Leopoldina para ficar
comigo.
TC JOÃO: Se fosse você não
teria tanta certeza disso... Além da esposa existe Beija. Todo mundo sabe que o
Imperador é freqüentador assíduo dos seus saraus...
DOMITÍLIA: Essa é outra, que
preciso me livrar dela... Mas acredito que seja mais fácil, porque não tem
vínculo nenhum com Pedro.
TC JOÃO: Muitos comentam que
o garotinho dela é filho do Imperador...
DOMITÍLIA: Não é. Pelo que
apurei o menino é filho de um ouvidor, que nem mora mais no Brasil. Dizem que
voltou para Portugal com D. João, o pai de Pedro.
TC JOÃO: Filha, lhe avisei
tanto para não se envolver com o Imperador... Este homem nunca será seu de
verdade. Nunca será o pai de seus filhos... Acho isso tudo tão lamentável. Você
passará a vida inteira se contentando com os restos, as sobras...
DOMITÍLIA: Engano seu, papai.
Não nasci para me contentar com pouco, para ser a opção... Ainda serei a
imperatriz do Brasil. O senhor pode escrever no seu caderninho. Vou tirar todos
do meu caminho, um a um!
Corta para a Chácara Cedro.
João Carneiro de Mendonça se tornou um freqüentador assíduo dos
saraus nos últimos meses. Não raro é o escolhido para passar a noite com a
anfitriã.
O casal conversa após fazer amor.
BEIJA: Sua companhia me faz
muito bem, João, porque você é diferente dos outros homens.
JOÃO: Como assim, Beija,
não sou tão homem quanto os outros?
BEIJA: Não é isso... Você
tem uma sensibilidade que a maioria dos homens não tem. Você entende a mulher,
ouve, compartilha... No sexo, por exemplo, se interessa em saber se estou
gostando, se estou me sentindo bem, se quero fazer algo diferente...
JOÃO (admirado): Por quê?
Os outros não são assim?
BEIJA: De jeito nenhum! São
como uns animais. Chegam aqui ofegantes, afoitos para se satisfazerem e te usam
apenas como um objeto. Nem se dão ao trabalho de perguntar nada...
JOÃO: Verdade? Às vezes me
sinto tão egoísta...
BEIJA: Pois se existe uma
coisa que você não é, de forma alguma, é egoísta.
JOÃO: Bom saber disso...
(pausa) Também aprecio muito a sua companhia. Você é uma mulher inteligente,
sabe conversar sobre todos os assuntos... É o tipo de mulher com quem gostaria
de ficar a vida inteira... Pena que não me ama... No seu coração só há espaço
para Antonio Sampaio e o Imperador...
BEIJA: Estranho isso, não
é? Nós dois temos uma afinidade incrível, em tudo, mas não consigo te amar...
Só o vejo como um amante, talvez um amigo... Tenho o maior carinho, atração,
mas amor mesmo, não sinto...
Corta para a Quinta da Boa Vista, num dos corredores do palácio,
mal iluminado devido a hora avançada da noite.
Pedro encontra Domitília e a beija com paixão.
Leopoldina assiste a tudo, indignada, atrás de uma coluna.
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