No capítulo anterior...
Pedro
surpreende Beija chegando mais cedo à chácara
O
imperador se desculpa por ter sido agressivo
Beija
discorda da demissão dos Andradas
Antonio
aparece na sala e Beija o apresenta ao Imperador
Pedro
confessa sentir ciúmes de Antonio Sampaio
Beija
pergunta a Pedro quem é Domitília
CAP. 191
BEIJA: Sei que essa mulher
é mais uma de suas amantes. Preciso apenas ouvir de sua boca. Não foi à toa que
a nomeou como dama de companhia da Imperatriz...
PEDRO: Não adianta tentar
esconder nada de você, não é mesmo, Beija? É incrível como conhece tão bem as
pessoas...
BEIJA: A vida sempre foi
muito dura comigo. Mas todas as moedas têm dois lados. Nem tudo é absolutamente
mau, nem tudo é absolutamente bom. E o melhor disso tudo é que aprendi muito
com todas essas duras lições que a vida me ensinou.
PEDRO: Não preciso esconder
de você e em breve não esconderei de ninguém. Domitília é, sim, minha amante.
Conheci na viagem a São Paulo. Viagem esta que você me aconselhou a fazer.
Então, se alguém tem culpa nisso, este alguém é Beija.
BEIJA: Mas não arrisca
demais o seu casamento levando esta mulher para dentro do mesmo palacete onde
vive sua esposa legítima?
PEDRO: Sim, mas o que seria
da vida se não fossem os riscos?
BEIJA: D. Leopoldina sabe
disso?
PEDRO: Creio que não. Leopoldina
é muito ingênua... Não tem tino para essas coisas...
Severina entra para recolher a bandeja. (e sai)
PEDRO: Mas o fato de estar
com Titília não quer dizer que tenha desistido de você, Beija. A quero com a
mesma intensidade de sempre.
BEIJA: Pedro, mas como é
cara de pau! Ainda diz isso na maior naturalidade, como se fosse a coisa mais
normal do mundo?
PEDRO: Não sejamos
hipócritas, Beija. Nós dois sabemos muito bem que eu não sou homem de uma
mulher só, assim como você não é mulher de um homem só. Não precisamos fingir
um para o outro...
BEIJA: Acontece, Pedro, que
é o Imperador de um país. Que exemplo quer dar aos seus súditos? O da
poligamia?
PEDRO: Não quero dar
exemplo nenhum. Quero apenas viver e ser feliz. Sou um homem íntegro na minha
vida pública, mas entre quatro paredes, quero amar e ser amado, sentir prazer,
como qualquer ser humano deveria sentir. Só isso.
BEIJA: Está bem, se prefere
assim...
PEDRO: Quero passar esta
noite com você. Cancele o sarau, dispense todos, inclusive o seu convidado das
Minas Gerais, porque esta noite será apenas minha.
Beija
nada responde.
Corta para o Paço Imperial.
Dias antes dois oficiais portugueses espancaram um jornalista
brasileiro, acusado de publicar notícias infames contra o Exército e o
Imperador.
Os irmãos Andradas se aproveitaram desse episódio para pregar
que aquela agressão era um atentado contra a honra do Brasil e do povo
brasileiro. Uma onda de protestos e xenofobia antilusitana tomou conta da
cidade.
Antonio Carlos e Martim Francisco foram carregados nos ombros
por uma multidão enfurecida. Formou-se um princípio de tumulto.
Um mensageiro chega galopando à Quinta da Boa Vista e procura por
D. Pedro.
LEOPOLDINA (apavorada):
Chalaça, você é a única pessoa que pode dar esta resposta. Afinal de contas,
onde está o Imperador?
Chalaça se vê em apuros.
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